sexta-feira, setembro 18, 2009

Um Vários

(tirei esta da espetacular janela do meu amanhecer de um apê)


Há mundos colidindo em mim e me formando, formações
evoluções desequilibradas para o cachorro existente dentro
querendo roer ossos da fidelidade de se expressar quando
na imaginação tem gente, diria demais, mas não é

sem se levar a sério na seriedade de não ser se lembrando de esquecer

nas mudanças ranços enteiados das partes sempre chuvosas
umedecendo as partes secas, esfriando as partes quentes
parando no ar nas mediadoras folhas do tempo marrom
diria dos imaginários amigos mas são eu de mãos dadas personalizadas
todos esperando sua vez de se expressar na própria evolução partilhada

Daí vão dizendo ais no tempo molhado escorrido compartilhado
alguns cheios de sais outros adocicados demais, uns falta até tempero
Como um exagero gastronômico, mas literário na altura dos olhos que pode ser um galho
Pronto para quebrar, partir ficar, mas pretende sentir,
para me formar um, são necessárias várias multidões de mim.

Folha de Outono (Rafael Belo) às 13h, 23 de agosto de 2009.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Volte outra hora

(deitado em um chão antigo tirei)


Aquelas horas estavam enrugadas
na banheira de rugas expressivas
ao redor das olheiras espalhadas pelo corpo
despercebidas no desaperceber daquele sal nas águas
fazendo da profundidade superfície flutuante do pilar

de uma liquidez liquidada na voracidade devorada sem constituição
uma repartição não repartida para fora do bando uivando seus balires
matizes pastorais da maioria, rebanho, respondendo os sinos babando
falas shakespearianas nos lugares-comuns, comunamente se esgueirando
pelas beiras das sombras matreiras

Quem diria o dizer mastigado com pedaços de engasgo
faltando o ar nos neurônios de últimos suspiros
suspirando
garganta tapada tapando o ouvido ao fechar dos olhos
três macacos
não há vagas.


Folha de Outono (Rafael Belo) às 13h28, 16 de agosto de 2009.

sexta-feira, setembro 11, 2009

Somos.

(tirei foto dos candangos )



Páginas em branco escritas, Vão ao vento voar
Soltas em elos existenciais sem espaço nem cálculos
Toda distância é proximidade calorosa de uma batida
Amores de um coração imenso de essências glórias
Não há tempo na amizade nascida de um reconhecimento
são circunstâncias necessárias da vida para poder inalar ar
em retumbâncias ecoadas na alma em eternidades laçadas
de sentimentos descritos justiçados depois de uma olhar mareado
Na única maré cheia sempre, de perdas de fôlego
Persistente em ser toda uma extensão de apoio de mãos
Sustentação de brilhos no olhar, de sorrisos cegantes, de corpos em pé...
Passos adiante, triunfantes abraços, ombros presentes, raízes ascendentes, fé
Todas as promessas em pessoas imperfeitas, a melhor das perfeições feitas vários
O Santo Graal, verdadeiro relicário reluzente
Está em nossa gente vista mesmo fora da proximidade
A maior profundidade de quem somos, Amizade.

10h55 (Rafael Belo) Folha, 10 de setembro de 2009.

terça-feira, setembro 08, 2009

Interpretação textual

(tirei da onde mesmo hehehe ee estrada ainda bem que estava deserta)



Chocaram-se em perdição
naquele caminho obstruído
só havia dúvidas e joelhos abraçados
até a cabeça martelar a parede do atalho
e rachar enfim de um talho interno de bolor

entalho na pele enquanto célebre árvore
de pernas que perdem a noção do equilíbrio
forjado da queda estreia vazia, naquela floresta deserta
de gritos e aplausos chocados de superação concreta de caos
inverso no avesso contrário averso ao paradoxo imaginário de acertos

foi um raio de um céu limpo
chocando o cume esverdeado de galhos secos
partindo o tronco em dois na multidão de engarrafados
no fluxo corrente corrido de falsos independentes
surdos aos estrondo brutal nos aplausos gritados dos invisíveis.

Folha de Outono (Rafael Belo) às 13h13, 16 de agosto de 2009.

domingo, setembro 06, 2009

quarta-feira, setembro 02, 2009

Liza Vazi

(tirei esta em um trabalho com três amigos, me chamou a atenção a maestria do reflexo e do convite)

por Rafael Belo

Vazaram os sentimentos em uma nascente de liberdade. E ela estava vazando todos de uma vez sem preconceito sem rejeição. Era preciso. Soltou as amarras da sua vida. Era território completamente desconhecido. Tirar o dentro pra fora. Nada de fugas desta vez. Enfrentaria e não voltaria atrás. Pelo menos era o pensamento fixo que a tomara. Liza Vazi andava só com seus papéis e a cada passo sorria mais e chorava mais. Era um misto sentimental inexpressível em palavras mas super claro.

Quem passava via uma jovem sem juventude com vários livros, HQ’s e cadernos de anotações fortemente pressionados sobre o peito, o rosto vazado dos olhos de mel escuro com uma sombra prateada manchada pelas várias horas de caminhada sob o frio daquele domingo primeiro, os dentes superiores para fora mordendo os lábios inferiores e muita determinação naqueles 16 centímetros a mais de meio metro de pessoa de pele amarelada. Magrinha que só pena do vento para ela não decolar. Quem disse que esta não era a vontade dela? E se a medisse por dentro... Bem, veriam ser impossível usar de medição!

Quero decolar. Tenho antes de encontrar minha pista de voo. Minhas manobras começaram. Como um salto do vigésimo andar para perder minhas asas forçadas da paternidade. Cara, eu não sou um ideal de gente. Nem quero poder ser. Mãe, pai me desculpem ais a filhinha queridinha aqui sabe quem é antes de vocês aos 30 e muitos. Cansei de ser tratada pela minha idade e vocês dizerem: “madura demais, criança!” Criança?! Pelo amor! Escolham palavras melhores. Espero saberem da minha partida, não fuga, ser necessária. Posso ter 15, mas meus 15 valem o 21 de vocês e olha que vocês nem chagaram lá ainda. Podia ter deixado uma carta assim. Não quis. Fui clara “um dia eu volto. Amo vocês. Smack smack , smack smack. Uma bela olhada nos dois esmagador abraço, outra olhada e até. “Vocês fizeram o possível. Agora é comigo!”

Sou Liza Vazi. LIZA VAZI. Grande coisa para mim. Posso não viver do meu sonho, mas tentarei até o fim. Houve sempre algo me atraindo para isto. Este momento. Agora nele não tenho pressa. Não mais. Cadê meu espelho? Aí está você sua monstrinha bela! Espero não aparecer na tevê. Nada de muita maturidade. Isto seria mostrar que sou totalmente madura. Pode ser pra minha idade até demais. Idade não é problema eu sei segurar minha mente. Mesmo pesada.

Minha liberdade chora. Como se fosse o doutor Frankenstein, mas com quase as próprias palavras. “I’m alive! Finally!” Pouco pretensiosa no linguajar estrangeiro como se fosse “ás” das línguas. Passando as mãos nas capas das minhas outras liberdades escreverei estas histórias com minha aquarela. As mulheres têm de criar seus próprios personagens nos quadrinhos. “Vazante”, dona das lágrimas da vida, da força e da leveza pra voar. Agora, onde está minha pista de manobras?!

terça-feira, setembro 01, 2009

Dias chuvosos

(tirei esta ao lado do supermercado há dois anos)

Por Rafael Belo

Dia chuvosos são caóticos para o caos das cidades... Fora sábados e domingos onde se nota a úmida ausência de pessoas nos lugares. Os outros cinco dias parecem forçados por trabalho de servidão - às vezes os seis, até os sete. Há a milenar robótica de atos conduzidos por repetição. São 24 horas de branco, como se fôssemos ideias abandonadas. Bem, 12 horas na verdade, as outras 12 são o apagão no fechar dos olhos, só há escuro na mente. Como indicado por aquele médico obsceno e monstruoso.

Por indicação arrumamos rumos nas nossas direções. E no fim da linha algo ajuda a deitarmos nos trilhos para viver outra vida, mas os trens não passam mais. Um desperdício a menos, um trabalho pesado para os corações que nos querem a menos. Ufa. Chova chuva, chove porque viver para trabalhar não é vida, bem, é vida de inseto. É ser operário, zangão de colméia em função da monarquia, mas vivemos uma aristocracia. Nossos nobres detêm o total ou pelo menos dois terços da riqueza brasileira ou/e propriedade. Seria democracia se fosse, nós, plebeus o povo possuidor destes terços.

Mas, esperem... Não... Continuem... É só papel oficial e nossa falta de atitude. Afinal, nossa pessoa é nossa maior propriedade, sinal de liberdade O Estado então é o único livre destituidor. Quem está contando a minoria burga dos aristocratas usurpadores do platô o poder de lacuna interina?

Dias chuvosos são caóticos para o nosso caos... Fora quando nos permitimos reanestesiar durante a semana onde nota-se nossa úmida ausência como pessoas. Nos lugares. Os outros dois dias parecem forçados por trabalho de servidão já presente na mente e na programação – às vezes três ou quatro quando se prolongam as emendas. Há a milenar máscara do pão e circo separando bons e maus a parecer haver só eles definidos. Ah, sim, claro! Nas áreas cinza estão os lagartos e os largados.

Carros abandonados aos pedaços longe dos centros são suficientes para proteção do vento, portanto boas moradias. Pelo nosso abandono me sinto como um morador sortudo de um carro ao relento. Nele há os despossuídos. Nos despossuídos há o quê senão a esperança de um pão amanhã? Não sei dizer, mas não parecem querem muito como se não pudessem. Parecem sentir-se diminuídos diante dos abastados comedores de pães diários.

O sol não aparece. Seus raios invadem as brechas do céu para os brechós em nós. Assim se sabe haver uma luz acima de nós para nos aquecer e ela se descobre dentro também. Mas açucares, aspartames e adoçantes em geral não saem na chuva, porém dão um adocicado sabor ao amargo café da vida como ela é para alguns. Dias chuvosos são tempo de reflexão como se o clima se alterasse para ver se o mesmo acontece com a consciência do coletivo, coletiva e de cada qual. Derreter na chuva só é obra de alguns a saber a ordem no caos, mas pode ser de todos.