quarta-feira, novembro 28, 2012

Silêncio Profundo


Silêncio Profundo
por Rafael Belo
Basta olhar para ver a tensão no ar. Como se fosse possível pegar e sentir o peso nas mãos. Aos ouvidos parece ensurdecedor o som do ar escapando pela válvula controladora, de escape, de segurança... Exatamente como se cada um fosse explodir por cozinhar silêncios, pressionar revelações e guardar verdades. Não é normal todo esse estresse e diálogos deturpados. Não é! Estamos perturbados por pequenezes e coisas sem valor porque as acumulamos em um grande cozido indigesto! A paz deveria reinar em nós. A calma deveria sorrir acolhedora e toda a paciência necessária deveria vestir nossos olhos.

As roupas coladas nas nossas etiquetas são rótulos inúteis. Os círculos ingressados por nós são paliativos. Ambos porque não adianta a beleza das formas, não resolve os cortes das vestimentas, não acrescenta “estar sem estar”, não é suficiente todo o dinheiro que ainda venha a existir se nossas existências são apenas ansiedades, preocupações, intrigas, incômodos, fofocas, falatórios, verborragia e o porvir. Como dormir direito, comer corretamente, aproveitar o social, usufruir a família, os amigos, as folgas, a vida perante nossa mente totalmente atribulada e constantemente ocupada? É humanamente impossível (?).

Perdemos tanto com nossa imprudência e falta de percepção a ponto de ignorar os pequenos milagres no florescer do dia e sem enxergarmos os detalhes, a totalidade é perdida. Precisamos de muita calma para lidar com o mundo criado por nossos atos e não adianta dizer para ficarmos calmos. A tranquilidade e a paz são conquistas diárias. É necessário exercitar o corpo e a mente para nós manter altivos, ativos e longevos. Não há como mastigarmos a capacidade de ficar calmos em uma situação extrema, ou banal, se não soubermos nos alimentar da vida e dos viventes sem sermos uma simbiose, um parasita.

Há um silêncio profundo aguardando por nós, esperando para ser despertado em uma mente limpa. É possível sermos de paz, estarmos em paz, mas precisamos mostrar ao guerreiro em nós, que cada dor é um incentivo para não a sentirmos mais adiante. Um guerreiro bom é um guerreiro tranquilo e com a calma das estações. Se cedermos vez aos nossos reais guerreiros ouviremos os detalhes formando a totalidade do presente a moldar o próximo presente no minuto seguinte. Precisamos pensar e refletir para nos darmos contas das frases formadores de quem somos e das situações. Aí nossos sentimentos e ações serão cozidos ao sol de verão.

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom, reflete o momento atual de preocupações de final de ano,dentre outras coisas.

Celsina disse...

Ei Rafa!
Nossa que saudade de ler seus textos. :)
Também amei Nárnia, só o final que não me convenceu muito (religioso demais. rsrs). Quanto ao George Martin, acho que vai gostar mais das crônicas de gelo e fogo, isso se você for fã de fantasia mais histórica. =)

Beijos!

Tt Irie disse...

Oi Rafa, curti!
Assisti "Primavera, verão, outono, inverno.. e primavera" hj.. lembrei.
Já viu esse? bjs