terça-feira, julho 09, 2013

Leveza de ser


Leveza de ser
por Rafael Belo

Como se todos os mundos brilhassem em excesso nos incontáveis universos das eternidades. Como se as inúmeras estrelas se multiplicassem e habitassem fora do céu. Mas ao invés de ser lá fora ou na fertilidade da nossa imaginação, fosse dentro de nós, fosse cada um a espera de se descobrir. Descobertos por nós mesmos, poderíamos nos amar e ser felizes em nossas lutas diárias. Depois de muito sorrir e cantar com todos os universos cintilando nos olhos poderíamos somar tanta vida com outra. Formar uma aliança. Ser leveza.

Nossa natureza é de compartilhar. Mas é preciso saber acender esta Luz em nós. Ascender diariamente. Estar presente. Olhar e enxergar o outro como a si. Tocar com os pés descalços o caminho em nós. Nas ruas ou nas mentes é preciso primeiro se unir para depois caminhar e ver com o tato cada passo. Juntar este nosso espalhar e definitivamente para de julgar. Estamos tão pesados que nossos rastros causam erosão e solidão. E quando chega alguém querendo reviver este solo sem nem ao menos nos conhecer, ou nos ouvir, nos atiramos às cegas e nosso imediatismo transforma a bala doce em bala fatal impulsionada por pólvora.

Há casos raros das almas se reencontrarem, sentirem ser parte uma da outra e mesmo assim o tempo precisa ser respeitado. Não respeitamos... Nem a nós mesmos. Não ouvimos nosso corpo, nossa mente, nosso coração ou nossa alma. O momentâneo é obrigado a ser uma fila de para "sempres" sem ser nostálgico com o "era uma vez". Então, nossas próprias fileiras de eternidades oscilam como peças de dominó e o chão é o mesmo para todos. Nossa distração nós afasta primeiro de nós depois de tudo e nossa pressa sempre nos mata.

Perdemos a criança em nós e temos tantas crianças perdidas. Nossa capacidade de cultivar e cativar está escondida. A escondemos e a esquecemos para não termos responsabilidade, pois o outro é mais fácil de culpar. Todos os universos, mundos, astros e estrelas estão no nosso céu interno. Eles precisam brilhar em nós porque se você não é feliz fazendo alguém feliz, você começou a procurar a felicidade errada, a efêmera que acende uma vela para depois qualquer movimento apagar. Se ache e se lembre, assim tirará as nuvens da frente do sol e não haverá noite que o apague.

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