quarta-feira, abril 23, 2014

Branca silhueta (miniconto)


por Rafael Belo

Não havia cadeado, chaves, cartão magnético, nem qualquer código secreto... Este parecia o segredo. Eram palavras comuns se repetindo. Apareciam nos olhos de Branca. Piscando. Ela foi até a neurologistas e psicólogos. Os primeiros não encontraram nada e os segundos viam muita profundidade... Bem Branca estava impaciente e não era assim mesmo? Afinal, certamente os psicólogos tinham razão.

Desde então, Branca andava mais prestando atenção em si. Estava sempre de olhos fechados apesar de abertos. Às vezes sorria com aquele ar de desvendando mistérios. Agora vivia certamente luminosa, porém, falava menos. Era uma das dez mais faladeiras do bairro e estava cotada a disputar as dez mais da cidade... Agora tão silenciosa...Todos sussurravam: Branca tem algo a esconder.

Na verdade não tinha. Branca poderia ser um livro aberto. E foi... Mesmo assim inventavam tudo. Não queriam acreditar na clareza das pessoas. Assim, Branca parecia até outra. Tanto... Mais tanto... Acabou sendo. Talvez estas palavras fossem ela pedindo ajuda. Ainda não entendia, mas primeiro mesmo apareceram imagens. Cadeados, chaves, códigos... A palavra segredo...


Então, começaram as palavras como neon na noite. Branca decidiu jogar luz para ofuscar e criou sombras. As alongou. Foi o suficiente para as fofocas acabarem. Mas não ficariam sem um apelido dúbio. A chamavam de misteriosa. Branca tinha seu próprio sorriso de Monalisa, seu preciso olhar de ressaca de Capitu. Mas, é claro... O povo continuava a fofocar, a inventar. E Branca... Branca nem ligava jogava sua luz e sombras ao seu gosto e além disso, estava destrancada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Além disso estava destrancada.....muito bom....mamys