segunda-feira, junho 02, 2014

Sonambulando – por Rafael Belo

Roubar sonhos, vidas, ser o que não é. Viver de apropriação e do falso sentimento de vitória quando o outro é derrotado, recebe um nocaute e toda a família cai junto. É a alta voltagem da malandragem. A mania de tirar vantagem em tudo. De ter tudo com o menor esforço possível.  Enganar a coletividade e contar como se tivesse conquistado um torneio conceituado superpremiado. O golpe diário tirando o pão e a segurança do povo. E ainda acham que o gigante acordou... Ele é sonâmbulo e sofre de delay agudo.

Fala-se tanto dos nossos sonhos. Somos sonhadores? Alguns sim. Outros seguem os passos do país. De olhos fechados e mãos abertas. Sonhadores são como poetas, estão em extinção e não possuem nenhum tipo de proteção. Os sonâmbulos nem sequer podemos acordar. São os verdadeiros zumbis. Fazem seja lá quais forem suas vontades e alguns segundos depois voltam a dormir. Acordar é difícil. A cor dar. Dar a cor a vida. Utilizar o coração em cada feito, em cada pensamento e, claro, levantar da cama.

Mas parece ao contrário. Querem usufruir das ações alheias, colocar em prática a ideia do outro, devorar os cérebros que brilham e continuar a descansar. Espreguiçar-se na cama. Quantas vezes for possível e se possível for permanecer deitado, viver a vida na horizontal ou encostado. Até utilizar a própria mente para planejar conseguir sem conquistar. Acabam seguindo sonâmbulos pelos cantos e, às vezes, até em destaque no centro do picadeiro e o circo caiu, a lona foi reciclada e todos os animais readaptados a selva – de pedra.

Dois segundos, ou mais, depois do entendimento geral, o som chega e, talvez, a compreensão de que roubou suas próprias chances de acordar... Agora os sonâmbulos perambulam com a lona na cabeça e se confundem aos animais. Seguindo os instintos mais selvagens de sobrevivência e não sabemos mais se aumenta a violência física, psicológica ou moral, se estamos no circo e só há ilusionista manipulando a realidade para que seja feita a vontade deles e nossas ilusões sejam perdidas.


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