segunda-feira, julho 14, 2014

Embaçando o vidro da verdade (resenha do livro Silo) - por Rafael Belo



A maior caverna do mundo é uma sombra do passado. Estamos confinados a uma paisagem desolada, desértica e mortal. Somos um legado ignorante da destruição causada por nós mesmos. Não podemos sair, não podemos respirar, mas estamos acostumados e isto tudo parece o paraíso, mesmo se estivermos enterrados. Filosoficamente até poderia ser assim nossa vida hoje.

Mas esta é a vida no Silo. Estamos armazenados na ignorância e nos tornamos níveis enterrados na terra. Não questionamos, apenas exercemos nosso trabalho, comemos, dormimos e seguimos as regras. Mas, há Juliette e Lukas e antes deles a prefeita Jahns, o delegado Marnes, o xerife Holston e Allison em 144 andares subterrâneos de aceitação ou limpeza.

O livro é voraz e a Intrínseca acerta mais uma vez ao transformar o fenômeno dos e-books em físico. Hugh Howey dá velocidade a trama e vamos nos corroendo ao mesmo tempo em que o fôlego se perde em algum andar a exercitar nosso cérebro descendo e subindo as escadas. Vamos no ritmo acelerando e em rápida evolução à espera dos outros dois. Sim. É uma trilogia.

Aceitar o feijão com arroz diário, hastear o ato político de virar as costas à política e intuir que a vida é assim, as pessoas não mudam... Dá o aval, nossa assinatura para que sejamos “manipulados”, que tomem decisões por nós. É assim que acabamos enterrados repetindo nossas ações diariamente seguindo regras que nem sabemos porque existem e de repente estamos mortos. É este o mundo distópico imaginado por Howey, mas está embaçando o vidro da verdade.


Silo

Em uma paisagem destruída e hostil, em um futuro ao qual poucos tiveram o azar de sobreviver, uma comunidade resiste, confinada em um gigantesco silo subterrâneo.
Lá dentro, mulheres e homens vivem enclausurados, sob regulamentos estritos, cercados por segredos e mentiras.
Para continuar ali, eles precisam seguir as regras, mas há quem se recuse a fazer isso.

Essas pessoas são as que ousam sonhar e ter esperança, e que contagiam os outros com seu otimismo.

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