segunda-feira, novembro 03, 2014

Acessórios em expansão – Rafael Belo

Às vezes eu me sinto um náufrago, mas ao invés de ser resgatado de uma ilha me tiraram do continente e me jogaram em um vasto arquipélago. Cada um é uma ilha em seu mundo... Um dia inventaram que ninguém é uma ilha, mas é claro que o pensamento de John Donne é mais profundo. Somos ilhas, organismos distintos e mais... Somos completos sim, porém temos acessórios de expansão.

Somos todo um universo em nós mesmos e tememos nossos limites mesmo desafiando e invadindo os alheios. Somos parte do continente, do todo? Somos!  No entanto, se não exploramos quem somos e quem podemos ser ficaremos uma ilha enquanto também somos O continente e O todo. Por isso, vagar nos arquipélagos com base em calotas polares leva a sermos ilhas itinerantes vagando em um oceano tempestuoso.

Assim extinguimos praias nossas ainda selvagens. Bons selvagens que somos, bem lembrando Rousseau, estamos em nosso estado natural e fingimos estar além dos “constrangimentos sociais” ao brincarmos de sermos democráticos... Seguimos o comportamento padrão nos perdendo em outras ilhas e formando um continente ligado por incontáveis Estreitos de Bering não permitindo que nada derreta esta ligação.


Até percebermos ser ocupação e posse, insistindo no esvaziar do verbo amor, instinto de sobrevivência... Então, saímos ou fingimos não ter esta percepção. Precisamos aceitar nossa condição de ilha e depender, ocupar e possuir apenas nós mesmos. Permitir nossa criança propiciar a si mesma felicidade, pois assim, libertos, vamos sendo continente e todo, nos transformando na verdadeira Pangeia... Por enquanto, todo homem é uma ilha.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom......mamys