terça-feira, fevereiro 24, 2015

Lambida na testa

dilacerando as lâminas esquálidas

a inutilidade metálica interpreta seu papel de sangue
e jorra das afiadas línguas uma nova interpretação

a comoção chora um palco inteiro
e a bota pisa um futuro rosto inchado

diante de um levante hortifrutigranjeiro
adiante novamente o relógio parado

o paradeiro das lágrimas corre o dia trancado no banheiro [sem porta]

escorrem todas as cores dos tinteiros, até o sinaleiro se revolta
repetindo verde amarelo vermelho sem importar a ninguém

levanta a cabeça quase pra cima, entorta, fragmentos de frestas, muitas sobras, tanto resta, lambida na testa.

(Rafael Belo, às 22h26, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015).

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