Por
Rafael Belo
Carolina
Silva estava sentada na margem direita do canto invisível do próprio olhar. Sua
expressão era algo entre pensativa e triste, mas quem pode confirmar se nem ao
menos ela o sabe dizer. Uma coisa é certa Carol, aliás Karol S.
(norte-americanizado mesmo como ela gosta de ser chamada) se sentia
injustiçada.
Antes
se sentia diferente e por isso, se achava no direito de ter mais direitos e
tudo mais rápido se fosse possível se comparar aos outros. Todos os dias Karol
chegava neste seu mundo com a mesma incerta expressão. Indefinida como ela
mesma não gostava de admitir, porque era mais, era diferente mesmo, mas não
tinha consciência de todos serem diferentes...
Igualdade
apenas perante a lei e as condutas perante a sociedade.... ou algo assim... Da pele para os órgãos e aquela confusão de
sentimentos e imateriais pensamentos tão pesados a ponto de confundir a
materialidade não havia mesmo nada igual... Bem a questão do sentimento de
injustiça, de perseguição se acumulavam como dunas no deserto pessoal de cada
um.
Porém,
neste exato momento não se passava nem vento na cabeça de Karol. Era o clichê
dia de fúria da menina aos seus longos 18 anos em seu primeiro emprego forçado,
pegou a faca de pão na cozinha e no impulso de castigar a sociedade machista
que a criou tão bem para servir vestiu um cínico meio-sorriso de satisfação no
canto esquerdo da boca e deu seu grito de guerra ao se atirar ao chefe este pensando
ainda em “outras satisfações” nas primeiras horas de quarta-feira...
Um comentário:
"...vestiu um cínico meio-sorriso..." quem não um dia teve seu dia de fúria? ...Texto perfeito! Msob
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