por
Rafael Belo
Só sons significam
algo para quem não vê, mas apesar da cegueira generalizada mundial e do tatear
das mãos para formar imagens na cabeça, as tonalidades e nuances elaboradas
pela voz trazem os detalhes entre uma vogal e consoantes ao meio de uma palavra
e outra completadas pela visão do que o corpo diz. Trazer estas minúcias em
palavras é de uma riqueza rara a nos levar para onde for.
Ler Toda Luz Que Não Podemos Ver é fazer
parte do lançamento de um clássico com frases tão bem pensadas e relacionadas
trazendo a certeza de que amanhã será parte dos diálogos cotidianos das
pessoas. Anthony Doerr presenteia o mundo com esta obra-prima tratando um tema
tão exaurido de uma forma inédita e em uma leveza condutora de uma cabeação
condutora da mais leve a mais alta voltagem.
São 526 páginas com
aquele sabor de 100, de quero mais. O capítulo A Rã Cozinha traduz toda a essência do livro em um trecho final
onde Madame Manec nos oferece uma retórica: “Sabe o que acontece quando se
coloca uma rã em uma panela de água fervente? Ela pula para fora. Mas sabe o
que acontece quando você coloca a rã em uma panela fria e então lentamente põe
a água para ferver? Sabe o que acontece? – A rã cozinha.
Um bom livro nos
oferta tanta sabedoria que não esquecemos, ele nos ilumina, nos ensina a
valorizar novamente e mais uma vez faz a imagem do que poderíamos ser e não há
como terminar esta resenha sem citar algo novamente parafraseando Doerr: quando
homens em situação limite aceleram o coração, caramujos na mesma situação o
deixam mais lento. Marie-Laure foi limitada até os seis anos quando apenas via
o mundo, depois ficou cega e passou a enxergar... Werner nunca deixou de aprender, ser curioso e sonhar... Se há algo que vale a pena
ler é Toda Luz Que Não Podemos Ver.
TODA
LUZ QUE NÃO PODEMOS VER
1ª
edição Março de 2015
526
páginas
Autor
Anthony Doerr
Editora
Intrínseca
Tradutora
Maria Carmelita Dias
Copyright
2014
Título
original
ALL the Light We Cannot See
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