sexta-feira, junho 12, 2015

profundas marcas



por Rafael Belo

Antes do que estava por vir ela só lembrava de um imenso gramado esmeralda e um céu claro, tão claro que não era possível encarar. - Talvez fosse um sonho, pensou Danita ao olhar ao redor. Não havia ninguém no ônibus quando ela adormeceu. Agora havia até pessoas em pé. Ela desceu na primeira parada após o despertar. Percebeu, já tinha chegado a São Paulo.

Começou a conversar com outra jovem que chorava. – Sou Danita. Primeira vez nesta loucura? A outra apenas confirmou com a cabeça. Danita insistiu mesmo ainda se sentido frágil, mas se recuperava bem daquela “gripe”. Era assim que chamava seu adoecer que ao ser arrancado levara um pouco da alma dela. – Conheço todas as linhas de metrô, trem e ônibus. Fui pesquisadora... Posso te acompanhar para se sentir mais segura, informou na esperança de conseguir algo.

O que está acontecendo comigo?, pensava Danita, Nunca fui simpática ou solícita! Que eu lembre... Foi aí que percebeu ter descido no lugar errado. Saiu correndo para as plataformas. Mochila e mala estavam no ônibus ainda. E agora?, se desesperou. Cadê o maldito ônibus? Ela o viu se afastar e correu gritando à toa.  Como interceptar um ônibus com um motorista apressado, atrasado e mal-humorado? Nada feito, se entregou. E bem no aniversário de Danita, uma sexta-feira dia dos namorados, 12 de junho... Grande coisa, desdenhou.

Passada meia-hora uma caminhonete camuflada da polícia saia a toda. Danita correu mais uma vez. Era uma unidade totalmente feminina... Ainda em movimento, Danita conseguiu invadir o carro. Com todas as armas apontadas para ela, Danita enfeitou a história explicando o motivo daquela loucura toda. Foram necessários mais trinta longos minutos para forçarem o ônibus a parar em uma fechada brusca.

Danita descreveu suas coisas e deu uma foto as policiais. Revirado do avesso ônibus, motorista e os pouquíssimos passageiros não sabiam nada das coisas da garota da foto, muito menos dela, nem havia registro da compra da passagem na empresa. Só então as policiais se entreolharam exalando raiva e vingança desconfiadas de Danita. Descobriram uma extensa ficha policial pelos seus rádios “amadores” móveis e entre eles ela havia surtado... Opa! Há alguns meses...

Danita sempre reproduzia ser vítima de algum incidente estranho. No último dia dos namorados seu amor maior havia levado tudo deixado um branco em uma tentativa de assassinato afundada no crânio dela. Ao voltarem para a viatura as policiais não encontraram ninguém.

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