por
Rafael Belo
Antes
do que estava por vir ela só lembrava de um imenso gramado esmeralda e um céu
claro, tão claro que não era possível encarar. - Talvez fosse um sonho, pensou
Danita ao olhar ao redor. Não havia ninguém no ônibus quando ela adormeceu. Agora
havia até pessoas em pé. Ela desceu na primeira parada após o despertar. Percebeu,
já tinha chegado a São Paulo.
Começou
a conversar com outra jovem que chorava. – Sou Danita. Primeira vez nesta
loucura? A outra apenas confirmou com a cabeça. Danita insistiu mesmo ainda se
sentido frágil, mas se recuperava bem daquela “gripe”. Era assim que chamava
seu adoecer que ao ser arrancado levara um pouco da alma dela. – Conheço todas
as linhas de metrô, trem e ônibus. Fui pesquisadora... Posso te acompanhar para
se sentir mais segura, informou na esperança de conseguir algo.
O que está acontecendo comigo?, pensava Danita,
Nunca fui simpática ou solícita! Que eu lembre... Foi aí que percebeu ter
descido no lugar errado. Saiu correndo para as plataformas. Mochila e mala
estavam no ônibus ainda. E agora?, se
desesperou. Cadê o maldito ônibus?
Ela o viu se afastar e correu gritando à toa.
Como interceptar um ônibus com um
motorista apressado, atrasado e mal-humorado? Nada feito, se entregou. E bem
no aniversário de Danita, uma sexta-feira dia dos namorados, 12 de junho... Grande coisa, desdenhou.
Passada
meia-hora uma caminhonete camuflada da polícia saia a toda. Danita correu mais
uma vez. Era uma unidade totalmente feminina... Ainda em movimento, Danita
conseguiu invadir o carro. Com todas as armas apontadas para ela, Danita
enfeitou a história explicando o motivo daquela loucura toda. Foram necessários
mais trinta longos minutos para forçarem o ônibus a parar em uma fechada
brusca.
Danita
descreveu suas coisas e deu uma foto as policiais. Revirado do avesso ônibus,
motorista e os pouquíssimos passageiros não sabiam nada das coisas da garota da
foto, muito menos dela, nem havia registro da compra da passagem na empresa. Só
então as policiais se entreolharam exalando raiva e vingança desconfiadas de
Danita. Descobriram uma extensa ficha policial pelos seus rádios “amadores”
móveis e entre eles ela havia surtado... Opa! Há alguns meses...
Danita sempre reproduzia ser vítima de algum
incidente estranho. No último dia dos namorados seu amor maior havia levado
tudo deixado um branco em uma tentativa de assassinato afundada no crânio dela.
Ao voltarem para a viatura as policiais não encontraram ninguém.
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