segunda-feira, outubro 26, 2015

A todo momento


Os fins de semana nunca são comuns. Ao menos é a nossa esperança. Nem que seja necessário apenas para repor as energias, ter um tempo para nós mesmos e para quem amamos ou simplesmente já ser clichê desejar a sua vinda e seu prolongamento. Segunda-feira só é maltratada por isso, mas quero falar de sábado à noite.

Já canta Toni Garrido (Cidade Negra) e Lulu (Santos) que “todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite, bem no fundo todo mundo quer zoar, todo mundo sonha em ter uma vida boa, sábado à noite tudo pode mudar”. Tinha planos de casal em ação. Olhei para todos os lados e não havia ninguém, quando antes de atravessar a via um morador de rua me parou.

Encarava-me com seus olhos límpidos e azuis. É bom lembrar que a sensação térmica estava entre 13º e 14º, mas ele não tremia. Contava sua vida, do preconceito das pessoas com moradores de ruas e da sina terrível que é morar na rua – sina esta pesando também sob o filho dele. Enfatizou muito que não bebia. Várias vezes o disse e ele não fedia nem a ausência de banho.

Barbado, sincero e sorridente – vestindo um boné, roupas limpas, porém puídas e um mochila pequena de pano mostarda envelhecido - apenas me pediu para comprar algo para ele comer. Pedi para esperar, atravessei a rua e enquanto comprava uma pizza olhei novamente para toda parte e não o vi. Desatravessei a rua ainda o procurando só o vi depois de o escutar. “Não me viu é?”, perguntou rindo de mim. Não, não o tinha visto...


Não sei se fui eu quem o alimentou ou ao contrário, mas ele me agradeceu, apertou enfaticamente minha mão, perguntou meu nome (mas não disse o dele, mesmo eu me sentido familiarizado e que realmente o conhecia), o que eu estudava, me desejou coisas boas em diversas áreas, além de falar do poder de Deus em minha vida e depois foi embora fisicamente sem sair até agora dos meus pensamentos, afinal milagres acontecem a todo momento sem percebermos.

Nenhum comentário: