domingo, setembro 04, 2016

Nem tudo é o que dizem (resenha)


Uma narrativa intensa e abrasante como só a Amazônia pode ser é presenteada a nós por Ann Patchett. Em cada página sentimos como seria viver no pulmão verde brasileiro. A cada página somos tentados a buscar a seguinte, a próxima e assim por diante de tão envolvente que é Estado de Graça. A história tem aventura, ação, drama, romance, ciências e, reviravoltas, surpreendentes. Como passar dia  a pós dia praticamente no mesmo esquema, fazendo tudo igual? Se você for estrangeiro, então... Com duas missões: saber em qual fase anda uma descoberta revolucionária e como morreu o amigo cientista.

Em 304 páginas e tradução de Maria Carmelita Dias, o lançamento de 2012 da Intrínseca faz jus ao nome e eleva a autora Ann Patchett a uma patamar de autores de leitura obrigatória. Os personagens Milton, Jackie e Bárbara Bovender e a série de mistérios nos leva a desconfiar da Dra. Annick Swenson e lutar desde já pela contrariada Dra.  Marina Singh  e sua luta primeiro para encontrar Annick para, então, entender o que realmente aconteceu e está acontecendo. Ficamos em Manaus devorados pelos mosquitos, acabamos doentes com a personagem principal e, claro, queremos voltar imediatamente.

Mas, a saga de Marina Singh na selva amazônica no meio dos Lakash e o remédio que pode revolucionar o mundo feminino ao manter a fertilidade deixando a mulher fértil para sempre nos leva ao escondido território destes nativos. Este é um mercado que nenhum capitalista quer perder. Já imaginou uma mulher de 80 anos engravidar naturalmente? Isso seria bom ou ruim? Qual o segredo que envolve esta ovulação sem fim?  Descobrir isto é só uma das tarefas de Marina porque ela também precisa saber como realmente morreu seu amigo o dr.  Anders Eckman.

O dono da empresa farmacêutica, o bem mais velho que Marina, Sr. Fox, quer informações que Marina começa também a não querer repassar passando também a ser uma protetora da tribo isolada contra a indústria farmacêutica estadunidense. Marina agora masca a casca de determinada árvore e prova a fertilidade prometida, mas ainda deve uma resposta a Karen, mulher de Eckman, e é antes de decidir o que fazer que a trama se complica ainda mais.  Até quando a narrativa acaba continuamos em Estado de Graça e seguimos sentindo o calor e o mistério sufocantes da Amazônia.


 Determinante, determinada, ousada, excelente, a obra de Ann Patchett não ganhou à toa o prêmio Orange, vencedor do Prêmio Orange e do PEN/Faulkner Award e finalista do National Book Critics Circle Award. A Time a elegeu uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.  Mais um ponto para a intrínseca.

Nenhum comentário: