por Rafael Belo
Hoje é domingo e estou escrevendo
para amanhã. Amanhã é hoje. Você esta
lendo este texto hoje e, até então, tudo era desconhecido. O eu de segunda não
é o mesmo eu de domingo. Somos desconhecidos. Estou preso no quarto vendo a
chuva escorrer no vidro, a janela balança. Há fortes ventos se cruzando e eles
assobiam na varanda. Estou enjaulado aqui dentro sem saber quanto tempo a chuva
vai durar. Este barulho de chuva me faz sorrir, imaginar, viajar... Mas qual o
nosso conhecimento sobre o tempo? Sobre o clima? Sobre temperamentos? Sobre o
outro? Não temos rótulos, etiquetas nem manuais... Somos desconhecidos.
Agora sei. A chuva demorou cerca de
duas horas e causou os desastres previsíveis de sempre. Rasgaram os céus cerca
de 10, 5 mil raios, a luz se foi em muitos lugares. Mas, até então era tudo
escuro, um clarão absurdo de nadas, de zeros, de inícios... Mas se somos algo,
seríamos... Não importa o quanto ache ser o mesmo. Qualquer fragmento de ontem
atingindo você te fez outro hoje porque somos sim estranhos uns aos outros. Vamos
entrando na vida diariamente alienígenas de nós mesmos. Planetas inteiros com
gravidade própria absorvendo e colidindo com o planeta mais próximo ou aquele a
cruzar conosco. Isso, porque o desconhecido nos espera na janela, na esquina...
Aqui dentro do nosso peito.
Estamos sujeitos a autorrejeição se
rejeitamos o sistema solar complexo circulando em seus particulares sóis. Para sair
do sistema é preciso primeiro entrar e não sabemos o efeito da chuva nos outros
porque nem sempre chove do mesmo jeito na para agente. Todos somos
desconhecidos em mais da metade dos nossos pensamentos e atos, mas nossa
essência continua acesa com a mesma chama intensa. Precisamos nós conhecer
melhor...
Eu preciso conhecer pessoas. Você precisa
conhecer pessoas. Todos precisam conhecer outros seres humanos. É isso ou
seremos sempre vítimas do desconhecido a nos esperar, mas só seremos
conhecidos, colegas e, finalmente, amigos se pararmos para nos olhar nos olhos
e sorrir. Ouvir para ser e estar no presente, no agora, neste momento porque
quando este momento passar o próximo chega e vai nos conhecendo enquanto ainda
nos é desconhecido.
Um comentário:
Precisamos nos conhecer melhor.....sempre!
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