segunda-feira, junho 26, 2017

Chacoalhões



por Rafael Belo

Eu gostaria de falar sobre amizade, algo essencial nesta vida onde há um laço deitado em oito nos dando um apoio e chacoalhões necessários, mas eu estou aos chacoalhões. Vivo um momento ímpar na minha vida cheia de portas e janelas escancaradas. As oportunidades pipocam diante dos meus olhos como as mensagens em grupos de whatsapp empolgados sobre algo qualquer. Não falo muito sobre isso. Até porque não é gratuito. Não é uma dádiva pura e simplesmente. Sentir-se bem é o melhor remédio desta vida, porém somos tão imperfeitos – Graças a Deus – e erramos.

Mesmo quando tentamos acertar, erramos. Uma hora acontece de dar certo. Isso, não significa deixarmos de tentar, deixar de fazer, se fechar, se isolar, pensar dar para resolver sozinho, significa reconhecer. Aí entram amigos, aí entra família, aí pode bater uma tristeza, mas não deixa entrar não. Pode apertar campanhinha, tocar o interfone, mandar mensagem, mandar whats, ligar... A gente a sente ali, beirando, tentando estragar tudo, nos cutucar, mas não deixe! Mande ela embora! Claro! A entenda primeiro porque podemos facilmente nos confundir ou manipulá-la para outros motivos outros sentidos. Mas, não há de admitir.

É possível ter uma peça quebrada em nós, uma veia obstruída no coração, no entanto, tem conserto. Somos perfeitamente capazes de nos reparar e de praticar reparações. Preparar um concerto da nossa própria sintonia com uma sinfonia com notas só capazes de soar através de quem somos é revelador. As notas mudam, os tons se alteram, somos constantes mesmo se ainda não trocamos as peças antigas, quebradas... Mudamos o tempo todo mesmo se negamos isso. É preciso parar para não machucar os outros. Para tanto, precisamos dialogar, enfrentar seja lá... Aí ir adiante. A relatividade temporal não determina estes horários.

Nosso tempo é outro. A mente funciona em uma dimensão, o corpo em outra e a alma está em toda parte, pois é atemporal. Juntar tudo isso é jogar um coquetel molotov no meio do peito. Ficamos em chamas sim e isto queima tudo vigente ao não pertencimento. Quando olhamos nosso fogo arder intensamente podemos nos satisfazer em ser nós mesmos sem subterfúgios, sem refúgios, sem esconderijos, apenas toda esta carga da nossa pele, do nosso nome... De tudo aquilo produzido por nossa mente, nossos sentimentos, nossas mãos, nossas almas e o impacto reverberando disto montado diante do espelho o qual chamamos de eu.

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