terça-feira, maio 04, 2010

Derrete o verão as palavras vazias

8o tom das cordas vai no tom da verdade e quem alcança todas as notas? Tirei esta há muitos meses...


por Rafael Belo

Mais um verão ido. Terminaram as férias, mas o calor continuava fosse inverno ou outono. Não importavam as flores espalhando seus parcos perfumes ao meio de tantos cheiros sem autenticidade, a não ser para os animais. Não importavam as folhas caindo em um fluxo de tempo determinado pelas horas a se olhar para as árvores e delas para o chão. O autêntico não vinha com as estações. Era mais uma fuga, um segredo, uma mentira vestida para depois ser lavada e posta no guarda-roupa junto a tantas outras.

Era quem queria ser? A resposta era mais vaga ainda... Talvez. Pudera. A vida foi uma mentira, fugindo sabe-se lá por que. O nome era uma incógnita pela ausência do paradeiro da família ou um documento qualquer. Estes espalhados na fogueira? Todos falsos. Quem não pode sentir o cheiro de tanta mentira? Se um cachorro a fareja a irritante distância... Esta falta da verdade impregna como tecido vivo queimado em agonia no silêncio do grito das expressões malpassadas. É assim por trás das palavras daquela língua venenosa.

Tanta pestilência para proteger suas areias edificadas na beira do penhasco e um simples vento desconfiado abre um buraco no chão para simplesmente preenchê-lo com o proprietário da peste. Cada verão um personagem diferente, uma fronteira invadida e uma nova vida a espera de desmoronar. Quem sabe desta vez não dure mais... Quanto tempo até a mentira anterior se esbarrar com a nova?

Quem sabe este outono seja diferente e as folhas não caiam e o tempo não se prepare para o inverno inexistente em rigor por aqui... Disso eu sei. Não vai acontecer...! É mais fácil continuar me enganando e fingir saber quem eu sou a pretender dizer sobre as estações marcadas em quatro pela razão da natureza, pela sua definição variante. Fui ao topo das minhas mentiras como uma multidão feita de ninguém a ser passado constante.

Minha natureza era outra, era órfão de virtudes, de moral, de ideia da ética... Decidi entrar no guarda-roupa, me trancar e morrer aos poucos de outra maneira, ao lado do meu mundo de mentiras nuas e nu na minha escuridão... Tentei em vão deixar de ser de mentira.

6 comentários:

  1. mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira...
    adorei o texto, belo.
    beijão

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  2. A foto está um arraso, Rafa.
    Mas que perfeição é essa, garoto?
    Esqueçamos... vamos deixar a verdade rondar nossa vida, pq mentir não nos leva a lugar nenhum.
    Ahh leva sim... para o abismo da solidão.

    Beijos verdadeiros. Durma bem.

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  3. Bem, já te contei que as postagens sobre "mentira" calaram fundo em mim...
    Porque a verdade é que a gente mente sim. Mas não quer, mas não pode, mas não deve... mas mente mesmo assim.
    Triste e real...
    Bj

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  4. Amei a foto do violão!! Vc sempre arrasa!!

    As estações vem e os sentimentos vão...e como num ciclo, tudo se repete sem parar...

    bj

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  5. Lendo seu texto e ouvindo (the sound of silence) de simon and garfunkel combinação perfeita =) Não que a musica seja sobre mentira, mas achei que combinou ^.^

    Amo ler seus texto ouvindo musica.
    Mais um belíssimo texto
    Beijos querido rafa.

    Cel.

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  6. Beijos De queridíssima, obrigado por trazer a Legião...

    Perfeição hehaahaa adoro "trastes imperfeitos"... E que o abismo a solidão seja apenas tema oético, beijos amada Naty

    Lelezinha beldade, é bom quando as coisas calam fundo ehhehe elas nos dizem algo, beijos bela

    É Déa, que a repetiçã oseja a penas um bom refrão para cantar a vida... bjsss

    Obrigadooo Cel do coração, muito obrigado, beijosss adorada.

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