domingo, novembro 06, 2011

No Dia Seguinte

(* o mundo escureceu e tudo remetia a um par de lâmpada fria acesa e todos para lá foram... Captei em uma antiga sala de trabalho. )



Por Rafael Belo

Ele havia rasgado suas roupas e andava com seus próprios trapos. Era do povo, mais um Zé Ninguém ilustre... No entanto, seu plano estava prestes a funcionar agora que chegara a Brasília e parecia se misturar aos mendigos. Toda sua estratégia de dividir e conquistar havia falhado e ele acabara improvisando. Mesmo com o sucesso solitário nas estâncias menores invadidas seu rosto ficara conhecido. Amado e odiado foi se escondendo pelos anos e apagando seus rastros como um cão de longa calda se arrastando pela areia. Foram necessários cinco anos de ausências e perambulações. Seu nome, sua vida não existiam mais.

Méugnin Camaleão... Era assim que as raras mentes ainda lembravam, mas mesmas estas não podiam provar a existência dele. Sua estratégia saia tão perfeita a ponto dele duvidar. Antes e agora. Na Capital Federal, não o encaravam sequer o olhavam... Ele, finalmente, não fedia nem cheirava. Não fora revistado ou impedido de entrar em qualquer lugar da cidade avião. Perambulava invisível feito um fantasma flutuando pelos cantos e só não era a encarnação do silêncio porque podia jurar: “se alguém passar muito perto ou vai ouvir meus pensamentos ou o barulho das sinapses trabalhando...”

Passou o dia analisando. Assombrou o Planalto Central como este cerca os cidadãos brasileiros e ali não havia mentalistas ou sensitivos para vazar informações e espalhar a cidade planejada em 191, 5 milhões de pedaços de pizzas... Cada porta e saída de emergência foi memorizada ao lado dos horários de entrada e saída de funcionários e a troca de guardas. Os mapas de todos os cômodos cintilavam nos seus olhos sem brilho. Decidiu confirmar todos os dados colhidos por mais um dia e marcou os ângulos cegos das câmeras. No dia seguinte, revelou sua mochila e trocou de roupas.

No Congresso Nacional se misturou aos paramentares federais e todos o cumprimentaram efusivamente. Fechou cada porta silenciosamente e em seguida obrigou o presidente da Casa a passar o microfone. Era uma sessão extraordinária, mas todos os suplentes também estavam presentes. Só havia os representantes de cada Estado presentes. Para a ‘sorte’ de Méugnin Camaleão só havia quem interessava. Com armas e bombas ele descreveu a situação e após muitas mentiras vindas dos ameaçados... No primeiro dia fez cada um trabalhar e ler todas as leis. Nos seguintes fez todos aprovarem os projetos engavetados, parados, ignorados.

Algumas semanas passaram e poucas reclamações vieram pela interrupção das sessões ao vivo, mas até estas cessaram. O fato é: o Brasil dificilmente aguentaria tanta bonança em menos de um mês, por mais que a espera tenha durado tanto. E a desconfiança era generalizada, assim como a confusão. Parentes e amigos não chegaram nem a estranhar o sumiço... Era apenas mai um... Mas, eventualmente o descobririam e de fato aconteceu.

Ele passou dias sob o cerco cerrado de especialistas, mas saiu como entrou só que estava de terno e uma pasta. Tinha o dossiê de cada um e o dinheiro de todos... Os bicos estavam fechados. O passo seguinte era depositar cada centavo merecido nas contas dos contribuintes e novamente entrar nos esquecimento, só não passou pela cabeça de Méugnin Camaleão este ser o início do fim e no fim só havia um par de lâmpada fria acesas.

4 comentários:

  1. Historias que se passam no Congresso sempre me dão medo, não sei pq...

    Bjus Rafa!

    Boa semana!!!

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  2. Eu fiquei tensa do início ao fim.

    Muito bom, como sempre.

    Beijos, moço querido.

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  3. Me lembrou o João de Santo Cristo do legião urbana. rsrs

    Uma semana inspiradora, meu caro!
    Beios

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  4. decerto pq afetam o Brasil todo Jamy... bj/;

    Agradeço o carinho Luna querida/;

    Santo Cristo é rs já me falaram rs o mesmo pra ti De, obrigaduu!

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