quinta-feira, novembro 17, 2011

Onde está a calma?


A trilha é "O que se perde enquanto os olhos pisca", o Teatro Mágico.



(E de repente  os galhos seguem as nuvens e nós despencamos) FT Rafael Belo

por Rafael Belo

A pressa engole nosso tempo sem mastigar. Mas, mastigados somos nós a ficar atrás desta corrida com a ânsia do mundo torto a nos ensinar a correr para chegar sempre na frente. Nossos ponteiros nunca se acertam e nossos fusos horários vivem em constante pane, já nesta vida vivida para trabalhar. Nosso relógio invisível é programado para nos alertar do nosso cronometrado tempo dividido, multiplicado e somatizado das nossas síndromes diárias do ‘estou ocupado’. Com tanta velocidade empregada nosso espaço fica vago e nós desempregados do viver. Tudo é curto, inclusive o pavio. Por isso, até além da sexta-feira outro estado é procurado... Onde está a calma?

Nas ruas todo o horário é de pico, toda fila é impaciência e cada palavra é reclamação. Em casa o cansaço é rotina, as dores de cabeça companheiras e toda conversa agressão. Como praticar a vida sem calma? Sem consultar os celulares inquietos e as horas atropelando? Se as calçadas não tivessem lixeiras, árvores e postes os motoristas e pilotos dos veículos dariam um jeito de ultrapassarem os adversários outros por ali, os ciclistas ignorariam tudo e os pedestres fingiriam não ser nem com eles... Se houvesse paciência e – sei lá – companheirismo e não competição ilimitada enxergaríamos mais no próximo, poderíamos baixar a guarda...

Mas estamos distantes pensando no dia seguinte, procurando culpados e passando direto pelo dia seguinte. Este passa diariamente enquanto nos atrapalhamos com nossos planos de enriquecimento e por mais mais mais mais.... Nossa ambição nos cega, ensurdece, emudece e regurgita verdadeiros valores simplesmente para vencermos a disputa de chegarmos primeiro ao sinal vermelho. Caso esteja verde, aceleramos mais por uma onda de cruzamentos abertos para afinal vencermos a competição imposta e dormimos...

Lá na linha cruzada nos louros e glórias procuramos do alto os deixados para trás, os espinhos, pedras e o próprio caminho... Era isso nosso futuro? Mas, cadê a paz?! Quem nos tornamos afinal? Onde está o suficiente? Onde estão os sorrisos? Onde estão os sonhos? Onde está a responsabilidade? Onde nós estamos enfim...? Achamos em algum canto o perdido Pequeno Príncipe da nossa eterna infância conhecedor do fato de nos tornarmos eternamente responsáveis pelos nossos cativados? ‘Alguns’ na verdade temem a felicidade, se tornam cativeiros dos sonhos inacabados, cativos de suas horas marcadas e se esquecem de perguntar: onde está a calma?

6 comentários:

  1. "Se houvesse paciência e – sei lá – companheirismo e não competição ilimitada enxergaríamos mais no próximo, poderíamos baixar a guardar... "

    Era isso nosso futuro? Mas, cadê a paz?! Quem nos tornamos afinal? Onde está o suficiente? Onde estão os sorrisos? Onde estão os sonhos? Onde está a responsabilidade? Onde nós estamos enfim...?

    Precisava ler isso hoje...

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  2. Obrigado Lica; é bom saber os remtentes de vez em quando rs.

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  3. Rafael, estou aguardando voce me indicar em qual blogue posso te seguir, já que possues, três.
    estou no aguardo, por gentileza.
    Felicidades, pra voce

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  4. Me siga neste meu caro José Maria. obrigado a ti tb.

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  5. A calma que preciso está sempre dentro de mim e certas coisas têm o poder de ativá-la, Rafa, como o mar, o silêncio da minha casa e um certo perfume (sim, um perfume...rs).

    Excelente, gosto sempre do ritmo que imprime às tuas criações.

    Organizei meus plugins e hoje consegui ouvir.

    =D

    Beijocas, só pude chegar aqui agora, o dia foi punk.

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  6. é querida Luna a calma está dentro de nós, nas nossas lembranças, gostos e amores; Chegou hj pelo horário rs E que bom que veio, agradeço e reverencio sempre moça querida, beijos.

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Obrigado por compartilhar seu olhar.