Trilha da Crônica Chuva que flui a vida- Canção da América - Milton Nascimento
por Rafael Belo
O tempo nos pega pelo pé e
nos sacode feitos leitões natalinos - o ‘peru’ favorito lá pelas bandas
européias. Quando percebemos, nossa criança interna naquela adolescência a
fazer contorções faciais negando ser infanta. Mas, nos enche lembrar como nos
construímos subindo em árvores, correndo em diversas brincadeiras, jogando o
Jogo da Vida, Banco Imobiliário, War e até videogame. Contudo, as mais
derradeiras e proeminentes são as pessoas plantadas no caminho. Os amigos e as
marcas mútuas deixadas. As memórias e cicatrizes traçadas em nós do espaço
pendendo levemente a esquerda do peito até as mais diversas sensações
espalhadas no cérebro, na pele.
Parar, brilhar os olhos e
olhar para um falso vazio no espaço são sintomas pulsantes de mais um fim de
ano, de mais um celebrado Natal. Nestes nossos tempos de mídias sociais e dedos
acelerados, os amigos - perto e distantes – estão ali ou ainda estarão. Mas
lembrar dos feitos, dos passados juntos, dos aprontamentos traz a vibração de
poder reencontrar, de reuni-los todos no mesmo lugar. Dilata a vontade de
deixar o adulto de lado, soltar a criança mais intensa, esquecer dinheiro e
empecilhos e atar as pontas livres de amarras só para saber...
Não é nostalgia. Nem chega
a ser saudosismo. É a gratidão de ter estas pessoas, de alguma forma ainda, em
nós. Não importa se estão em Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Tocantins, Roraima, São Paulo, Paraná, Distrito Federal... Elas ficam em nós.
São partes das construções destes adultos apressados e esquecidos feitos
nós. São outras Felicidades a enredar a música mais bela das nossas
vidas. Uma palavra, a presença, o puxão de orelha, a ligação, o pensamento...
Aliás, quantas vezes já não associamos um momento de hoje a algum déjà vu com
um amigo? Escrevendo em pensamento lembrei de uma composição minha onde digo
que os amigos estão do outro lado do pensamento...
Mas é bem mais, não é?
Amizade é aquele leito de rio seco esperando o tempo nublar, trovejar,
relampear e despejar seus raios no sertão até virar mar... Esta esperança, esta
força, esta fluência viva da água... A chuva motivo de toda água da terra. Gota
a gota formando uma corrente arrastando os desafiantes, se adaptando por onde
passa e seguindo, levando consigo um pouco e deixando um pouco também. Esta memória
da natureza nos lembrando de quanto não hesitávamos ao sair para tomar banho de
chuva e ensopar as roupas e calçados. Acima de tudo, regando além da distância,
as sementes da amizade espalhadas em mentes e corações.
Gota a gota a chuva traz lembranças sentimentais, que, nostalgicamente abraça amigos e a nossa alma.
ResponderExcluirBeijos e lindo final de semana
Rafael, você, escreve de maneira fácil e academica. De uma maneira sombria, cativante e agradavel de lermos. Essas gotas de recordações, meio nostalgicas, meio poeticas, nos induz e seduz, a alma er o contentamento.
ResponderExcluirSaiba, tenho prazer, em ler-te.
Felicidades, sempre
Em mim é, Rafa, nostalgia pura.
ResponderExcluirE o teu texto é lindo.
=
Um beijo, moço querido.
Nossa que saudade que deu de umas tantas pessoas que ajudaram a me concretizar!! Culpa desse texto seu. Adorei...
ResponderExcluirBju
Tenho que realizar alguns telefonemas e ouvir uns alôs ai...
É Su lembranças sempre molhadas rs beijos, obrigado pela presença agora quase constante, beijos ótimo domingo e semana;
ResponderExcluirFico Muito com suas belas palavras carinhosa José Maria, é sempre importante comentários contundentes e incentivadores como os 'negativos' tb. Felicidades sempre pra ti tb;
Obrigado querida moça querida, guria vc me traz nostalgia pela inocência caliente rs beijos;
Quando meus textos são culpados fico mais feliz ainda em poder escrevê-los; Saudades suas querida Tathyta, obrigado pelas belas palavras, beijos.