Trilha do miniconto - O Casal na terra dos pelados - música Pelado - Ultraje à rigor
(*As flores despidas e os espinhos também ,vestí-los seria a nudez) Foto e palavras: Rafael Belo |
por Rafael Belo
Pelados. Assim eles se viam
pela primeira vez. Eles desejavam se verem nus com a mão no bolso antes do
atracamento fulminante do melhor encaixe da vida deles. Mas, para nós seria
engraçado o conceito de pelado dos dois, afinal, eles passaram a vida toda
isolados em uma comunidade nudista dos tempos dos primeiros índios
amazônicos. Não havia novidade nenhuma
balançado por aí, por ali, por aqui... Ninguém ficava com uma mão na frente e a
outra atrás, roupas para eles eram novidade. Logo nos primeiros dias eles
decidiram não fazer sexo explícito em público como era costume entre os outros.
Mas outras duas decisões os fariam serem expulsos – algo nunca antes ocorrido
na história destes descendentes dos tempos.
Tentaram algo novo, manter a
relação entre os dois apenas, a poligamia à céu aberto até os reprimia. Mas, o
jorro em êxtase das fofocas na comunidade surgiu antes destas duas decisões...
Veio logo da primeira. Eles não passaram
a noite entrelaçados com suas genitálias proeminentes... O choque foi total no
lugar mais sem privacidade do mundo. Fizeram o pior. Passaram a noite
silenciosamente se olhando detalhe por detalhe insones. Nem as orgias, ménages,
grupais e todos os seus sons povoadores pareciam chegar até eles. Eles haviam
sido corrompidos, mas como nunca antes na história desta comunidade isto havia
ocorrido. Decidiram esperar, afinal só podiam ser os espasmos da juventude inexperiente.
Toda a comunidade decidiu
insonemente acompanhar o mais improvável: O Casal. “Um casal? Só duas pessoas em um
relacionamento. Como chama isso lá pela terra dos ‘pelados’... Mono...
Monoga... Monogamia?! É isso!? Que cruel Que absurdo!! Eles não se tocaram
ainda?! Vamos ter... Teremos de... (Longo suspiro seguido de silêncio gerais)
Vamos consultar o livro dos primórdios?!” . E lá dizia: “aquele nãofornicador
não é de pertencimento desta Comunidade, aquele não gerador de prole logo no
primeiro contato pode contaminar toda a Comunidade e levá-la a novas sodomias e
gomorrias terminando assim com o fim da nossa Comunidade”. As palavras lidas em
voz altas despertaram o furor assassino de tubas reunidas e também das duas
mães e os inúmeros possíveis pais – afinal este sentimento ainda não era
selvagem.
Em algum lugar enterrado por
décadas estava um guarda-roupa pressurizado a vácuo. Só estas duas mães
guardavam o segredo. Fizeram os homens cavarem por horas, não sem antes fazerem
estes encontrarem o... ooo.. o.. o Casal. O Casal estava por perto, mas
escondido por precaução. De onde estavam todos escutavam a destruição da
Comunidade a procura do... do.. do.. Casal que afinal ‘lhes pertencia’. Quando
chegaram ao ‘tesouro’ fecharam os olhos e vasculharam às cegas. Tatearam duas
pequenas malas e ainda na escuridão chamaram O Casal e passaram o tesouro para
estes, não sem acrescentar secamente: ‘Corram por suas vidas, mas algo me diz
para utilizarem este conteúdo assim que saírem de nossas vistas’. As mães e os prováveis pais fugiram para o lado oposto tomando rumo desconhecido. O
Casal se despiu pela primeira vez e descobriu aquele desejo de sempre se verem
nus com a mão no bolso... Não demorou muito e o atracamento fulminante
encontrou ponto seguro onde começaria uma Nova Velha Comunidade.
Rs
ResponderExcluirA moral ao avesso.
Prova de que o respeito à opinião alheia é essencial sempre, néam, Rafa?
Muito criativo, gostei.
Um beijo.
Em alguma dimensão, eles são adão e eva. rsrs
ResponderExcluirótimo dia, querido!
Boas festas!
Beijos