por Rafael Belo
Finalmente
as ruas foram retomadas pelos gritos e pela emoção. O furor e os arrepios
percorrem todas as vias do mundo onde as veias brasileiras passam, pulsam e
contagiam. É lindo participar da democracia. Vestir a pátria escolhida. Enxergar
a acomodação sendo repisada por uma multidão inimaginável que se libertou e
desmitificou as mídias sociais. Como não marejar os olhos e sorrir sem se
conter diante das manifestações brasileiras? Não! Não é sem foco. Pode ser que
haja desorganização de gritos, mas a voz das multidões é uma só como assim se
afunilam as reivindicações: mudança! Como está não dá mais!
A
alegria de ver os peitos libertos, mas ainda estufados, abertos pelo orgulho de
clamar pela mudança. Chama a prestar contas quais sãos os aproximadamente 63 impostos
que pagamos e para onde vai tanto dinheiro nosso. O sistema se recolheu, se
encolheu e até tentou ser oportunista, aproveitador, usar discursos e diálogos
unilaterais que até há poucos dias funcionava ou assim se achava pelo silêncio.
Cumprir o óbvio, o já prometido. Dizer mentiras tão difamadas que chegam a serem
divulgadas na tentativa de mentiras compartilhadas, fraudadas em notícias,
copiadas, coladas milhares de vezes se tornar uma verdade... A canseira é tanta
que a energia acumulada por tantos anos de apatia e conformismo se inconformou
se indignou e parece não parar mais até invadir seus direitos.
Não
há como concordar com a depredação, o vandalismo, furtos e a violência - até porque quem paga por isso somos nós, cidadãos de classe média e baixa, durante cinco meses por ano, só depois nossos salários contados "ficam" para nós - mas até a
invasão dos símbolos públicos dos Poderes é significativa. Não é vazia. Pelo contrário.
É repleta. Cheia de simbologia. Histórica. Porém de forma algum incentivada e incitada... Como a Queda da Bastilha ou a representação de
Guy Fawkes (ou John Guido) com a máscara do V
for Vendetta (V de Vingança). Este
personagem britânico histórico, em 1605 durante a Conspiração da Pólvora, era
um dos que pretendia assassinar o Rei Jaime I, por atrocidades, repressões aos
direitos políticos dos católicos e para restaurar o poder temporário do
Catolicismo.
Guy
guardava os barris de pólvora que iriam explodir o Parlamento do Reino Unido
durante a sessão. A Conspiração foi desarmada, Guy foi preso, interrogado,
torturado e enforcado. Desde então a Bonfire Night (Noite das Fogueiras) é
celebrada todo dia 5 de novembro. Sem fogueiras (na maioria dos
protestos), estamos fazendo nossa história todas as noites. Nosso manifesto é
por mudança e queima a flâmula da nossa pátria escolhida em progresso.
Mudança
para melhor, por isso, pode até não serem consideradas legítimas as tentativas
de ocupar prédios públicos, mas por falta de símbolos melhores do poder, como o
da França comemorado até hoje com a Fête de la Fédération
(Festa da Federação) no quatorze juillet
(14 de julho), a Tomada da Bastilha (Queda), símbolo central da Revolução
Francesa, vão mesmo as Assembleias Legislativas, Câmaras Municipais, Prefeituras,
prédios históricos e demais objetos que hospedam aqueles que deveriam nos
representar.
É
histórica a retomada do povo pelo que é seu, pelo que o deveria o representar e
o deixou de fazê-lo. Por isso, a imagem partidária de qualquer um eleito pelo
povo é rejeitada, pois está associada ao sistema atual de governo, ao partido
que por vezes representa mais do que quem realmente deveria representar. É muito
nos compararmos com a Revolução Francesa, mas assim como ela estamos provocando
reações em outros países, o Paraguai se manifesta com o grito Paraguai
Despertou. Nós despertamos e
demonstramos o despertar, mas só deitaremos em berço esplêndido quando tivermos o falatório em ação, conclusão,
ordem e ouvirem nosso Grito do Ipiranga.
Lindo! Mostra com palavras o sentimento de todo um povo! "Mas só deitaremos em berço esplêndido quando tivermos o falatório em ação, conclusão,ordem e ouvirem nosso grito do Ipiranga". Falou e disse, parabéns!
ResponderExcluirmamys