Leveza de ser
por Rafael Belo
Como se todos os mundos brilhassem em excesso nos incontáveis universos das eternidades. Como se as inúmeras estrelas se multiplicassem e habitassem fora do céu. Mas ao invés de ser lá fora ou na fertilidade da nossa imaginação, fosse dentro de nós, fosse cada um a espera de se descobrir. Descobertos por nós mesmos, poderíamos nos amar e ser felizes em nossas lutas diárias. Depois de muito sorrir e cantar com todos os universos cintilando nos olhos poderíamos somar tanta vida com outra. Formar uma aliança. Ser leveza.
Nossa natureza é de compartilhar. Mas é preciso saber acender esta Luz em nós. Ascender diariamente. Estar presente. Olhar e enxergar o outro como a si. Tocar com os pés descalços o caminho em nós. Nas ruas ou nas mentes é preciso primeiro se unir para depois caminhar e ver com o tato cada passo. Juntar este nosso espalhar e definitivamente para de julgar. Estamos tão pesados que nossos rastros causam erosão e solidão. E quando chega alguém querendo reviver este solo sem nem ao menos nos conhecer, ou nos ouvir, nos atiramos às cegas e nosso imediatismo transforma a bala doce em bala fatal impulsionada por pólvora.
Há casos raros das almas se reencontrarem, sentirem ser parte uma da outra e mesmo assim o tempo precisa ser respeitado. Não respeitamos... Nem a nós mesmos. Não ouvimos nosso corpo, nossa mente, nosso coração ou nossa alma. O momentâneo é obrigado a ser uma fila de para "sempres" sem ser nostálgico com o "era uma vez". Então, nossas próprias fileiras de eternidades oscilam como peças de dominó e o chão é o mesmo para todos. Nossa distração nós afasta primeiro de nós depois de tudo e nossa pressa sempre nos mata.
Perdemos a criança em nós e temos tantas crianças perdidas. Nossa capacidade de cultivar e cativar está escondida. A escondemos e a esquecemos para não termos responsabilidade, pois o outro é mais fácil de culpar. Todos os universos, mundos, astros e estrelas estão no nosso céu interno. Eles precisam brilhar em nós porque se você não é feliz fazendo alguém feliz, você começou a procurar a felicidade errada, a efêmera que acende uma vela para depois qualquer movimento apagar. Se ache e se lembre, assim tirará as nuvens da frente do sol e não haverá noite que o apague.
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