terça-feira, julho 02, 2013

Uma aventura nas águas – crônica de segunda




Uma aventura nas águas – crônica de segunda
por Rafael Belo
 


Basta ser uma segunda-feira, mas nem é preciso dizer que com chuva forte e contínua quem dirige e pilota parece ter amanhecido na pior. A pressa continua a mesma dos outros dias e estações climáticas, porém os três pilares básicos dos condutores se intensificam. Estão mais egoístas, imprudentes e distraídos. Enquanto as ruas estão afogadas, a velocidade continua alta. Coitados dos motociclistas estão tomando banhos por todos os lados, levando fortes jatos d’água nos peitos e aumentando seus riscos de morte e afogamento.

Nas minhas contas matemáticas precisas, cerca de 90% da visibilidade dos carros está prejudicada. Tudo embaçado. Só é possível enxergar à frente e até assim é complicado porque o espaço entre os automóveis só está distante da sorte de não ter uma batida. Quase não há a distância de segurança e segue o fluxo do tráfego impaciente. Este comportamento da lei só para os outros segue alguns destes condutores por aí afora.

Seguem sem ligar a seta, sem respeitar o sinal vermelho e a vida alheia. Alheios ao que quer que suponham não lhes dizer respeito, opinam sobre até – e principalmente – assuntos que desconhecem por completo, como – vejam só – se dominassem completamente o tema. Parecem dirigir por aí na velocidade de chegar o quanto antes, de ser o primeiro mesmo sem premiação, só pelo gostinho de estar certo. Então, podemos falar do orgulho, do ter, e pensar ser, melhor que todos.

Seja na esperteza, seja na aceleração, tirar vantagem parece ser o fio desta meada molhada e mofada. Conscientemente ou consequentemente a aventura das águas não parece existir para deixar ninguém molhado ou na imprevisão do que vai acontecer pelo caminho. A proeza é chegar à frente e o mais rápido possível, não importa se é necessário e o quanto estamos aumentando o risco de morte por aí. Basta, então, ser uma segunda-feira cinzenta e chuvosa que a precisão dos imprecisos chega a 100% e todos de todas as cidades se afogam nos próprios pecados.

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