segunda-feira, setembro 24, 2018

Estenda a mão






por Rafael Belo

Eu vejo máscaras por toda parte. Mas só quando não olho porque quando enxergo ali está a pessoa debaixo de tantos sentimentos enrijecidos nos padrões faciais feitos de traços de defesas pessoais. Há dor lá. Muitas cicatrizes e muita poeira para ser removida. Maquiagem feita para encarar os outros e as coisas que damos tantas importâncias. Na verdade, isso só cria distâncias, principalmente, de nós mesmos.

Estas máscaras vêm em um kit distribuído gratuitamente em qualquer lugar. Contém capas e proteções impedindo nossas sementes de germinarem, que dirá oferecer o florescer. Podemos ver os caminhos a serem percorridos, mas como se permitir correr o risco em um caminho não percorrido ainda? Estamos emergidos sem sequer termos feito a imersão. Precisamos da sensação de ser nós mesmos e esta precisa ser visitada e revisitada até voltar ao seu curso natural: de dentro para fora.

Podemos ter cuidado e cuidar para criar este fluxo e fluir. Ter cuidado com o outro na tradução do sentimento, não é ficar atento ao que este pode fazer contra nós. Pelo contrário. Ter cuidado é cuidar do outro, oferecer carinho, amparo, presença e assim nos cuidamos também porque vamos virando primaveras sem fim e acabamos por dar frutos e aquela vontade de cheirar, de apreciar, de curtir cada momento e dançar com o ritmo deste novo coração liberto.

Por meio das sensações e através delas somos nós mesmos. Desarmamos qualquer impedimento tolo capaz de gerar violência e contra nós mesmos e ao próximo. Assim, podemos enxergar o poder da paz que aduba a terra para o Amor, o próprio e aquele transbordando nos permitindo a liberdade de tratar o outro como a nós mesmos. Esta seria a Beleza da humanidade. Esta é a melhor forma da sobrevivência, de subir o próprio patamar para se elevar a vida e estender a mão para que o outro viva também.

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