quarta-feira, novembro 21, 2018

Bem a tempo (miniconto)







por Rafael Belo

Sabe? Eu sei! Mas jamais vou me acusar. Uso meu direito de não produzir provas contra mim mesma. Se o próximo souber… E ele virá quer eu queira ou não. Serei eu uma assassina com amnésia ou estou em algum futuro paralelo de outra realidade onde sou contratada para matar e quando o trabalho é concluído recebo memórias novas… Não! Isto é filme da Netflix… Ainda fazem aquela tal regressão? Eu matei meu ex! Só pode! Todo novo relacionamento é ele de novo e claro, não dá certo. A não ser que o certo seja errado e o errado seja certo…

Olha o tamanho da minha… Minha culpa? Preciso falar baixo. Já é loucura demais falar sozinha. Mas, ninguém está prestando atenção… Ninguém presta mais! Nem eu, mas jamais vou confirmar isso. Em nenhuma hipótese vou dizer que prendo alguém, nem sob tortura vou revelar que quero me apoderar das pessoas e Hummmm… Teria algo stalker por aqui? Deveria existir o RA: Relacionamentos anônimos… Não! Este é o Tinder ou... Qual o nome do outro? Peguei vocês! Todo mundo sabia que era o Happn. Já sei o nome perfeito…

EAN: Egoístas Anônimos. Na minha experiência curta de vida, ninguém vive um relacionamento de fato. Fica querendo mudar o outro, controlar o outro, manipular o outro… Aí o outro nem existe. Na linguagem masculina deve ser algo parecido com uma boneca inflável ou eu devo estar sendo machista… As pessoas só querem receber e eu só penso naquele filme velho com o Bruce Willis e aquele garotinho que agora é bem estereótipo estadunidense, o Haley Joel Osment. Eu só vejo meus ex em todo parte o tempo todo.

Preciso resolver isso, mas ao invés disso fico nessa entre apoderamento do outro e desconexão. Eu pareço aquele digitando eterno no Whats… Ou aquelas frases interrompidas no meio e a gente acaba não sabendo. Não me aguento mais. Vish! Lá vem meu passado morto ex do futuro. Alguém usa moeda ainda? Preciso escolher entre autossabotagem, revival ou magoar mesmo … E eu sempre aparento ser ser saudável. Quer saber ligando a teclinha F porque estamos todos doentes e chamamos de amor. Ufa! Terminei este monólogo louco bem a tempo e… Oiiiii Amoreee!!

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