por Rafael Belo
Eu vejo as pessoas abandonadas nos sinais enquanto as julgamos direto da nossa negação. Janelas fechadas, surdez momentânea, cegueira espontânea, torcicolo para o outro lado… Todos os dias tento tirar um sorriso sincero destes seres sofridos invisíveis, mas com dores e anestesia no rosto maltratado e no olhar sem esperança. Fico pensando em qual momento a desesperança os afetou. Quando foram abandonados primeiro por eles mesmos depois daqueles que os amavam.
Se existisse um medidor de mesquinhez ou umbigocentrismo e houvesse punição… Provavelmente estaríamos todos condenados. Não é um dia a mais de vida, é uma hora a mais de sobrevivência. Ali é quase a chegada do fim do ser humano. Fico olhando as reações deles e das pessoas. Tornamo-nos tão duros e frios, não todos, mas é uma minoria tentando amenizar a dor desta existência. Está sim miserável. Está sim sofrida. Está sim tão dolorida que anestesia.
Focando bem as pessoas nesta situação no limite da vida, na queda do abismo da sociedade, no desarmar profundo… Me vem desistência como alerta. Podemos chegar ao possível em uma relação impossível até seguir, mas desistir de alguém pode ser um empurrão para este abismo nos encarando embaraçosamente. Podemos até não ter culpa, mas deixar de contribuir para a melhoria afetiva e espiritual de alguém se podemos fazê-lo, é sim nossa responsabilidade. Lembrando Stan Lee: Grandes poderes, grandes responsabilidades. Esta medida não acaba em proporção ou também nem gestos.
Deixando o olhar aí, você já desistiu das pessoas? Eu não imagino encontrar alguém que já passou pela minha vida nesta situação. Um ser invisível, faminto, carente, doente, totalmente rejeitado… Mas todos os dias vendo estas pessoas ali, eu penso o quanto quem nos representa não se importa. Há soluções para tudo ou para todos, a questão é a quantidade de tempo dedicado para encontrar qual funciona. Você Já pensou em não desviar o olhar e encarar as possibilidades do que você pode fazer?
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