por Rafael Belo
Engraçado como em meados de um 2019 tão cheio de previsões o preconceito e o assédio ainda são as piores consequências da ignorância. Estão por toda parte usando disfarces das estatísticas no combo drogas lícitas, ilícitas, troca de favores, machismo, ciúmes, indiretas, sentimento de posse e outros entorpecentes. Aliás, engraçado já não soa mais uma expressão de ironia em um mundo onde esta, o sarcasmo e o humor são pouco entendidos ou usados como armas pesadas.
Parece que o tiroteio é despretensioso e só uma bala perdida ou outra é responsável por tantas mortes diárias por aqui. Isso, até o famoso stalkear surgir de leve e chegar a comentários… Vale lembrar que comentar sobre o outro está no topo da cadeia alimentar da vigília. Escute. Este é o som destas novas armas sendo afiadas… A vigilância da vida alheia afia a língua nas fakenews e na fala mansa chegando com um bem-querer peculiar vestindo boas intenções, falando do Poder da Justiça com o peso da religião já alongando os dedos para printar, curtir e compartilhar nos grupos de amigos e família, além de mandar aquele recado nos status e stories cotidianos.
Não há graça nenhuma em expor as pessoas. Basta chamar no privado, na DM… Vá saber exatamente o que se passa se não puder cuidar da própria vida… Mas há uma necessidade de fortalecer o próprio ego nesta modernização do julgamento do comportamento do outro, sem medir consequências nem os sentimentos sociais neste mundo conectado. Não importa mais se não há manto de amor maior que a aceitação e a ausência de julgamentos, a atualização de ser dono da razão vem obtendo tanto sucesso que fazer os outros se sentirem mal é basicamente a regra número 1.
Regras válidas para todos longe do "eu" porque mais que suprimir tentando impedir que o outro apareça, a vontade é de supressão, ou seja, eliminar de vez a existência do outro simplesmente por incomodar ou não fazer o que você quer. Não há critério, medidas ou verdades e mentiras. Tudo é baseado na eliminação pelo erro… Lembro apenas tudo que ouvi, assisti, aprendi e de toda a literatura da intolerância de grandes guerras pelo mundo com pesos fatais. Mesmo com o discurso da tolerância, da igualdade, do "não é bem assim", de botar a culpa nas estrelas… Tudo parece levar a viver em infernos tantas fez já vividos. Parece tudo estar na mesma caixa de bagunças dos resfriados e das viroses: ninguém sabe que tem, nem profissionais identificam, mas mesmo assim o diagnóstico é oficial e preciso. Estamos entorpecidos e esta anestesia geral nos afoga em ignorância que nós dá permissão inexistente de ofender, culpar e julgar o outro.
Perfeito. Palavras sábias. Bem isso mesmo...
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