Rafael Belo
Acordei e o ano mais uma vez não passou. Olhei ao redor as oportunidades despertas selvagens feitas animais no mundo ainda sem nomes, curiosos e ariscos como toda infância desconfiada. Sentei-me e fechei os olhos ao respirar fundo. Lá fora os estalos do fogo alastrado circulavam minha casa molhada. Eu fluía feito fluvial água e nem me lembrava de ser um elemento essencial da natureza. Ainda que repousando em certos pontos em outros eu corria e continuava intacta sem evaporar ou perder uma gota.
Fui tomada e derramada dentro de um corpo invisível sem proporções. De repente tudo ficou do avesso. Sentia-me morada. Era habitada por uma extraordinária Luz. Ela era um Amor tão extraordinariamente longe dos padrões humanos que eu me prostrava, mas não havia o meu entendimento total. Até eu dizer Eu Te Amo. Aquela Luz era Deus por toda parte. Eu disse: Eu te Amo Deus. Preenchi-me assim. Não era feita minha vontade mas algo bem superior a ela.
Uma coletividade universal percorria minha superfície e não precisar compreender me levava a uma compreensão onde o meu temor era reverência, assombro diante da grandiosidade do Criador de tudo. Não tinha medo dele. Medo é o contrário de Amor. Não se Ama quem te faz sentir medo. Sem medo eu fui. Sem medo estava sem vestes e incendiava junto ao mundo em chamas. Apagava destruidores e acendia os purificadores. As labaredas deste Amor me consumiam e recriavam. Eu era mais de um elemento.
Eu estava sentada vendo as cinzas trazerem de volta o carbono consumido no vento percorrendo os quatro cantos da existência. Não havia aparência e onde ainda existia terra, era eu também. Mas, no centro de tudo eu pulso, eu bato, Eu Sou…! O Verbo se declama, se derrama e se renova. O passado chama presente chama futuro e volta. Ciclo... E tudo é fé e pé. Eu acredito, eu Amo e piso onde a um instante não havia chão. Eu sou ser humano, semelhança do Criador. Todos somos!
Belo, a cada dia melhor!
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