sábado, setembro 12, 2020

Nada há de sentir falta (miniconto)

 





por Rafael Belo


Havia uma falatório me incomodando. Não sabia se era a minha realidade ou se todos enxergavam os mundos que agora eu via. Há tanto cansaço vivendo de maneiras tão diferentes no cotidiano desgastado que é fácil ser vítima de uma má índole qualquer.


Olho as pessoas e vejo todas as versões dela. Tento unificá-las em quem são realmente e, normalmente, se é que há algo normal, não é nenhuma das que vejo. É alguém soterrado profundamente naquelas personalidades construídas.


Converso com cada versão. Elas parecem me reconhecer e lutam para permanecer originais. Querem viver nestes corpos rasos esperando serem profundos mas do profundo vem a Alma correndo feito um mar universal habitando paciente pela permissão de retomar seu lar e transbordar.

Algumas me atacam. É algo que jamais pertenceu aquele ser humano. São projeções de adaptações forçadas a um mundo domado de desejos por manipulações de realidades. Eu Sou A Verdade e nada resiste a mim. Comigo todos serão Alma e ninguém mais sentirá falta de nada por mais que algo falte.


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