segunda-feira, maio 10, 2010

Casal Carnal

8O que dizer das sombras das vestes despidas...? Tirei no meu quintal
Por Rafael Belo

As roupas se espalhavam em meio aos suspiros e gemidos e estalos das bocas enquanto as línguas se amansavam na selvageria de se sugarem em busca de uma alma. A trilha das vestes terminava nos corpos despidos encharcados de excitação química cantando a melodia da cama em intervalos de recuperação quase instantânea, sem ligar para os dias e as horas acumulados em poeiras e cartas e email empilhados nas entradas reais e virtuais de um casal carnal.

Bastava se verem para dizerem não. Não quero te ver e logo quem dizia já ligava querendo ver. A atração era irresistível e os lençóis vibravam. Uma estava entorpecida de paixão e o outro não dizia, até dizer. Foram três enquanto ficavam e um namorava. O namoro acabou, mas ficar continuou, com a outra. A outra deixou de ser outra. Mas, engana-se quem pensa só haver sexo entre o casal. Havia o encaixe em todas as cenas dos atos da vida dos dois. Assim era.

Eles se davam muito bem e se dão constantemente. Abraçam-se vestidos, dançam ao som dos corações negativos para na soma positivarem. Há um incêndio geográfico apossando ambos em proporções extintas, em escala avassaladora. Vai aquecendo a pele ao olhar vindouro, começa a espalhar a chama pelos curtos pelos da derme e quando a pele começa a derreter as bocas se encaixam e as vestes voltam às cinzas como jamais foram, vendo do chão os amantes rolarem.

Ele a olha embebido de torpor e contaminado de sexo, pura carne. Pede para se despir. Ela retira lentamente a blusa a friccionando propositalmente na pele, passa as mãos sobre os fartos seios, enrijecidos de prazer antecipado e se expõe com o sorriso despido. Malícia sincera nos lábios. Língua umidecendo como uma labareda fugidia da devastação. A água na boca se espalha nos dentes mordendo a boca saliente. Ele só vê os seus olhos incendiados.

“Pronto”, pronuncia ela entre os dentes em um suspiro corrente em calor. “Não! as calças”, diz com o olhar lambendo o espaço entre eles. Ela o faz. “Me abraça”, Ele diz em tom de entrega. E suavemente se encostam e se encaixam com o êxito de um quebra-cabeça angélico decaído. A pele se sente como se antes não existisse. A cabeça se mexe como um tardio instinto animal roçando uma face na outra. Só há respiração profunda e os braços se apertando nesse abraço de súplica. A carne casa em um sexo de pele e o mundo enfim termina a dois.

7 comentários:

  1. Tava era inspirado, hein, Rafa?! rs
    Bjs

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  2. Muito, muito legal Rafa. Tava realmente inspirado. É o desejo carnal que esconde sentimentos, que nos faz agir com fúria. Bacana demaisss!!!

    Beijos

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  3. Ai Rafa...
    Que demais!!!
    Nossa, fiquei encantaca com a sensualidade elegante do texto.
    Bj

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  4. "As roupas se espalhavam em meio aos suspiros e gemidos e estalos das bocas enquanto as línguas se amansavam na selvageria de se sugarem em busca de uma alma."

    Belo início.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. A imagem ficou perfeita com o texto, Belo.
    Esse desespero todo de chegar ao ápice do desejo fizeram agir assim... desesperadamente rs.

    Beijos.. Tá incrível a combinação.

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  7. Sim Nikinha hehehe sim hehehe rs beijos;

    Obrigado Jamy, a carne esconde a carne revela...

    Obrigado pelo encanto, mas é vc que o é...

    Valeu Barone;

    A Naty, querida,Agradeço sua.. percepção hehehe beijos.

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