8 captei na Lagoa Itatiaia no Dia Mundial do Tai Chi e Chi Kung. 'Não se imagina o que tem na cabeça e a sombra se aproxima pela ondulações...'
Aquele cheiro incomodava o bairro inteiro. Parecia vir de todo lugar e ia ficando pior. Provocava náuseas, tontura e um torpor quase zumbi nas pessoas. A loucura beirava os olhos e passeava pelos meios sorrisos. Um mês havia se passado. Depois da primeira semana a desconfiança era tratada a portas batidas e viradas bruscas de rostos. Ninguém dormia mais passada a segunda semana. Na terceira a histeria silenciosa dominava a lápide cravada naquele bairro.
A água se tornou escura. Todo e qualquer cano produzia o odor da morte. As autoridades responsáveis pela água e esgoto vasculharam tudo causando mais caos e procurando sair rápido dali. “Aquilo podia ser contagioso”, diziam. Agora, além de fétido, o lugar parecia ter sido palco da mais violenta guerra civil. Aquele cheiro não era da Morte. A Morte costuma ser limpa desde antes de qualquer deus e principalmente depois deles. Eram mortos, era pura podridão vinda do desconhecido...
Mas, antes da lembrança certa despertar em uma pessoa, o bairro já estava lacrado. Isolado de tudo em uma redoma transparente feita de um falso vidro hollywoodiano. O estado mental daqueles bairristas já quase variava. Largados aos próprios olhares de esguelha e as próprias mãos. Ouviram aquela certa pessoa lembrar... Ela lembrava de um reservatório antigo feito para aproveitar aqueles gêiser cretáceo. A água era a mais pura. De alguma forma os canos antigos e novos eram os mesmos. Um plano quieto foi desenhado...
Dos milhares de moradores deste bairro, nenhum deixou de ir ao antigo reservatório da cidade. Foram caindo pelo caminho. O cheiro era insuportável. O ar ia ficando cada vez mais denso, quase precisando da criação de uma porta para passagem. Poucos, tanto a apenas uma mão contar, chegaram já chorando, já sem conseguir conter os olhos abertos. Uma dezena de velas bruxuleava mesmo sem qualquer vento. Demorou a se acostumarem com aquela iluminação medíocre.... Mas tudo se voltou para acima das velas... Cabeças conservadas na parafina balançavam em varais de aço... Só um prosseguiu. Centenas de metros adiante, uma criança estava rodeada de pernas e sangue e pêlos e peles... Não era preciso dizer nada... Olhando ao redor era possível ver o gêiser cretáceo dissolvendo corpos apodrecidos... O último tombou pela última vez...
Quando os primeiros acordaram... Se atacaram enquanto a criança se aproximava de cada um, o tocava até este lhe oferecer o pescoço... O qual devorara até a cabeça cair. Então, a criança sorria ao percorrer a trilha de corpos de volta às velas, acendia uma vela nova e pendurava mais uma cabeça para preservar e colecionar. Depois começava tudo de novo!
4 comentários:
Caraaaaacas... Rafa...
Tanta podridão, tanto mau cheiro e gostei muito quando vc disse que a morte costuma ser limpa.
De fato é verdade mesmo... Geralmente uma vida suja, imunda e chega a morte limpando o que restou dela.
Arrebentou.
Fiquei uns bons momentos observando a imagem e olhando as casas de fundo.
O reflexo do peixe na água.
Beijos, Belo.
Nossa! Deu medo!!! Que coleção estranha... figurinhas da Copa é bem melhor! ;)
Bom estar de volta!!!
Beijos
Rafa, você "precisa" escrever um livro ou um conto rsrs (soou meio autoritário, mas não foi minha inteção, apenas acho que você escreve muito bem) eu sei que vou adorar ler um livro seu :p Amo ler seus textos, e esse pequeno post me fez viajar de um modo tão facil e leve para o bairro do lago de horrivel odor esse é agora mais um dos meus favoritos :p
Você sabe mesmo prender um leitor, e eu já falei que amo o seu jogo com as palavras né?!?
Pois é... eu amo rsr ^^
PS: Realmente se você escrever um livro vai fazer sucesso :D
Beijos querido Rafa!
Cel.
Obrigado querida. Saudades suas , gosto da imagem tb bj;
bem melhor mesmo Jamy bela... Que bom que está de bolta :D;
OO Sublime Cel!! Esto uquase fazendo isso... Provavelmente este blog será impresso e físico no futuro próximo... rever~ecnias às suas palavras queridíssima, obrigado mesmo pelas palavras, bela. bejos.
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