terça-feira, novembro 30, 2010

Coma social em epilepsia no ápice da Montanha - russa


*( Captei a imagem voltando de uma entrevista... O artista se vira para ser arte e conseguir sobreviver enquantos outros riem ou viram a cara, a vida segue...)

por Rafael Belo

Nenhum analgésico funciona mais. Qualquer anestesia não faz efeito. As alucinações são constantes. As noites dormidas são meros sonhos de um insone em coma social letárgico em olhares epiléticos para a lobotomia do mundo no ápice da sua mediocridade propagandista alastrada no forjar da cultura inútil lapidada em produto de consumo cultural. Não é de admirar os neonazistas ressurgindo, a xenofobia gritando... 

Nem é de se espantar ser a violência a resposta dos menos e mais abastados. A desinformação faz parte da vida cada vez mais conectada... A ignorância e a alienação talvez nunca tenham sido tão vestidas por jovens de mentes dispostas a agir. Por incrível aparência ouvi em uma academia de atividades físicas que se os filhos tivessem a presença dos pais e a escola, não estariam se viciando nos prejuízos do mundo e sim em seus benefícios.

A base da cultura com qualidade até o início dos anos 90, onde já estava mediana, chega ao ápice do colorido e da felicidade carente de quem não sabe o motivo de lutar pela vida nos anos 2000. É normal o declínio ocorrer com o paradoxo de em várias partes algo bom estar se lapidando... Mas, a motivação dada era de crescimento total, não apenas financeiro. Quando os pais foram trabalhar para os filhos não passarem pelos mesmos perrengues passados por eles, substituíram a presença por dinheiro e comodidades. Foram mais avós de uma maneira compensatória.

Por isso, a Síndrome de Peter Pan e da velocidade se conectam invariavelmente, pois, a aplasia é cerebral. Tudo voltou ao instinto inicial de sobrevivência. Socialmente é o coma total, o desconhecimento de si, do outro e do se entregar as causas sem argumentos com porquês coerentes. Os exemplos físicos desapareceram do convívio familiar e qualquer um com certeza de qualquer coisa – por mais forjada seja – acaba como o substituto ideal devido a carência emocional dos últimos 30 anos. Migalhas de atenção, sobras e restos de carinho são os Santo Graal dos anos 2000.

quarta-feira, novembro 24, 2010

Cavaleiros e Amazonas sem-cabeças contra o tempo

*(8 O tempo de espera também muda a perspectiva de um vidro 'chovido'... Captei no fim de semana)

Por Rafael Belo

Temos a capacidade irracional de ficarmos cegos – não de Amor porque o amor é tudo menos cego, antes disso, ele é um amplificador das qualidades – diante das pessoas e do mundo. Vemos a cidade, mas não enxergamos no meio de tanta massa e concreto o verde, o sorriso ou mesmo os males reais. Ficamos cegos para vermos quem somos ou nos tornamos e para nossas escolhas, posições, os outros e família. Colocamos em mente sermos inigualáveis e com a pele feita de aço vestindo uma falsa alegria sobre a amargura de parar de sonhar mecanizamos. Ah, espero sempre me livrar do fardo de não mais sonhar.

Ficamos surdos a tudo em volta e nossos pensamentos nos levam longe a uma ausência constante e não participamos das conversas e nos tornamos desatentos, mas a culpa não recai só para os ouvidos porque com a surdez vem a tecla mute e nos calamos consequentemente. Estamos mudos ou falantes demais, mas ativos de menos e como refletir e pensar realmente se nossos sentidos estão atrofiando enquanto enquadramos nossos ‘sentadores’ nas cadeiras mais próximas e confortáveis?

Faltando a audição não sabemos apreciar a música mais nem menos, apenas a ecoamos por nossas bocas feitos jingles promocionais quaisquer. Não percebemos sequer o momento da nossa programação passiva sem qualquer paixão. Não sentimos mais o gosto do diálogo, o sabor de ser ouvinte, o apreço de observar atentamente, de sentir um ar puro no orvalho de uma manhã ainda alvorecida das luzes e, então, o milagre da vida deixa de ser verbo perde sua e nossa poesia.

Assistimos e lemos cultura como se o recheio de indiretas e subentendidos fosse mero entretenimento e há tanta política, há tanta ironia e sarcasmos. Por isso, não é surpresa nossa mutação para cavaleiros e amazonas sem-cabeças porque costumamos mais perdê-la e ficar paranóicos com qualquer bobagem a sentirmos com cada sentido o acontecer do tempo. Exageramos tanto quantitativamente a sentarmos de olhar perdido e aparência carente para justificarmos nosso medo do tempo tiquetaqueando dentro e fora de nós.

segunda-feira, novembro 22, 2010

Espelho d’água d’alma

*(8 O retrovisor muitas vezes apenas no mostra atrás de nós mesmos... Captei neste sábado, 20)


Escorre no tempo as conversas na cama escura
os olhos abertos secretos despertos pela fala procuram
as palavras noturnas no teto sem forma para confessar
nomes dos inomináveis tormentos chovendo lá fora
nosso dentro quarto discreto com carinho imenso nos abraça e afundam

Lembranças do carro parado vendo o vidro escorrer
a espera sincera das ações do acontecer, leve como a brisa chuvosa
indecorosa e solucionada nas amarras dos braços e pernas
na intensa vida eterna de alguns minutos não vistos à noite
enquanto o olhar fecha quente rente a transparência do olho no olho
no retrovisor de nós dois.

Às 11h45 (Rafael Belo) 22 de novembro de 2010.

sexta-feira, novembro 12, 2010

Abduzido


*( 8 Gotas são a condensação das pessoas quando não sabem ser oceano - tirei no quintal de casa)
Por Rafael Belo

Ah! Estes montes de personalidades multiplicadas na verdade são nenhumas. ‘São’ menos. Neste meu ego fragmentado consumido por palavras vãs me intensifico de intenções deslocadas na psicologia solucionada de mistérios na sociedade. Quantos rótulos tenho a partir para descobrir, me encaixar em todos feito um quebra-cabeça sem encaixes. Na arrancação de cabelo desvairada há momentos de se pensar em nada, mas é como se minha mão esquerda estivesse possuída e, desentendida do resto do corpo, declarasse independência.

Depois da minha abdução, meu nome foi perdido e não passo de um mendigo escondido atrás do álcool consumido neste corpo liquido flexível a multifacetas inexistentes, negligente a imagem no espelho de um homem saudável e farto financeiramente. Só há perguntas na minha mente descontrolada e desentendimentos e digo: ‘Cobrar da pessoa que ama o mesmo amor, não é Amor é material de troca é querer idolatria!’. Me repreendo da imaginação renegada vinda vazia do disforme arrojado na casa abandonada.

Vejo uma intensidade insana ser sentida e acionada. Não para ser refletida, a aplicação incondicional há de ser o bastante ou é mero egoísmo! Me rasgo egoísta, me quebro santo do ‘pau oco’, me pego em automassagem na masturbação de um espelho desfocado... Não posso esperar o mundo parar para a pessoa descer em meu colo e a tratar como a trato, isto é escolher sofrer e não ceder ao livramento, portanto não tem a ver sequer com gostar de outrem. Tem a ver com a solidão, a dissecação ordinária da ilha incoerente procurando nomes próprios a deriva...!

Que nome isso tem?! Qual nome tenho eu ?! Por que meu coma espacial não pode ter sido real? Qual loucura não é elogiada. Ah, elogios a Loucura... A própria personificada... Tempo, Espaço, Harmonia... Sou tanto Caos a esperar uma nova abdução imaginária arbitrária ao efeito São Tomé... Enfiar meus dedos nas chagas para curar meu mal de mim mesmo. Quer expurgar-me feito a doença contraída para tirar a razão da minha Loucura em quem sabe este meu ego fragmentado não se junte renegado e me faça enfim seja lá quem for!

sexta-feira, novembro 05, 2010

Quedas campestres urbanas

Tantos versos, tantos reversos e tantas passagens passando em formas e seres variados e às vezes ao meu lado me passo e me perco na travessia na agonia de fazer meus sonhos sonharem

na imensidão da gota da chuva minhalma é um elo todo da parte do mundo chovendo em mim aos pedaços espalhados no quebra-cabeça assim de peças humanas sonhando poderem sonhar

a realidade de se molharem nas águas celestes caindo campestres no novembro urbano primaveril dando um ar nostálgico na extensão do futuro pendurado no varal da varanda para ver a vida molhar

passada a limpo chuvoso o nublado do início dos reinícios das manhãs convidando contemplação serena aos incômodos de ouvir os sons plúmbeos porque me contenho para o banho de chuva
chove no meu olhar resistente tantos versos contentes por revirarem a inquietação discreta da profecia travessa do profeta do verbo atravessado de lado a lado sua agonia de sonharem sonhos perdidos no encontro de procurar.


Às 13h05 (Rafael Belo) 05 de novembro de 2010. *(8...as gotas são inúmeras mas quando se juntam são um oceano doce, se encaixam e fluem... Tirei do toldo novo da janela do meu quarto nesta sexta chuvosa ,5,)

quarta-feira, novembro 03, 2010

Filas de baixo calão pelas vias

*(Às vezes basta olhar para o céu, mas nem sempre uma olhada é o bastante - tirei na segunda-feira, 1º,)

Por Rafael Belo

É impossível ser impassível, frio e calculista. Bom, é impossível se não há importância a vida. Já confesso o motivo destas palavras enrolativas estarem antecedendo o porquê do texto ser meu estresse no trânsito. Sim, dirigir anda – literalmente – me estressando. Não pela falta de educação, de setas, de ceder, de respeito, mas pela desconsideração a vida. A alta velocidade desproporcional, a pressa, a ignorância e a eterna maldita síndrome de super-homem somada à bipolaridade de piloto profissional de corrida elevada com o egoísmo fazem mal a continuidade.

Deveria ser um alerta do Ministério da Saúde. Irresponsáveis no tráfego das ruas matam mais que qualquer doença ou fatalidade meteorológica. Tudo para chegar mais rápido ou pelo atraso ou pelo citado ‘para o alto e avante’. Dirigir deveria ser apenas uma forma pessoal de se locomover até os locais de interesse. Mas, acaba sendo uma disputa contra o tempo, contra a morte, contra as estatísticas e a favor do ego. Até tempos atrás eu dirigia praticamente na impossibilidade de ser impassível... Recentemente assumi não querer mais comandar um volante com as mãos...

Nem é preciso detalhar as infrações inúmeras praticadas no trânsito pela velha besteira de achar: “comigo não vai acontecer”. Sou mais de ‘quem procura acha’... Ocupamos nosso cérebro de maneira precoce demais. As preocupações constantes a pilharmos feitos antigos piratas podem deixar um vazio mental aliado a inércia parcial e problemas físicos. Somos hipocondríacos do tempo porque o tratamos como uma doença incurável e adoecemos, então, patéticos e conscientes dos problemas causados por nós a nós mesmos.

Somos nosso próprio mal. Aguardamos friamente o cálculo da vida sem paixão e acreditamos na impossibilidade de pararmos os relógios para jamais envelhecermos assim sem aproveitar o percurso, o trajeto diário, os pequenos e grandes detalhes do caminho a seguirmos. Eu prefiro muito mais observar no banco do passageiro e criar vendo tanta gente, registrar a emoção escondida nos rostos atacados pelos sóis particulares dos horários de pico onde até os sem pressa provocam um fila de palavrões atrás de si.