por Rafael Belo
Na intensidade dos
sentimentos dos extremos minha bipolaridade me leva a duas pontas desatadas e
sorrio e choro na mesma hora. Estou cansada deste vento engarrafado vendido
pelos meus olhos e entornado pela minha boca moldada de momentos entregues. Não
sei qual minha sobra neste mundo de preços e ignorâncias costurado por uma soma
de esquizofrenias adesivadas à revelia nas testas entorpecidas. Estes queixos
arrebitados, estas cabeças baixas não sei se estão lá fora ou se estão aqui
dentro...
Às vezes meu nome é Joana
Espalha outras Maria Junta... Sei me perder nestes pensamentos incontáveis me
invadindo aqui em cima... Ah, só pra você saber não estou deprimida... Agora
estou... Bem, queria mesmo escrever da altura onde me encontro. A 60 andares em
um prédio, sobre o único morro rodeado por arranha-céus, vendo os surtos da
cidade e o balançar dos meus pés neste oceano de vazios. Olho e vejo um espelho
me devolvendo o olhar...
Pequenos pontos estilhaçados
se refletem e pressionam seus egos pelas ruas e avenidas a arranques e
desrespeito, só eu saí deste combate não declarado... Mas declaro minha batalha
contra eu mesma enquanto o céu me ventila e resfria minha pane do dia. Distante
não há como não ver os passos dados, as pegadas apagando... Por isso, aqui me
acalmo e conto meus pecados pelas pessoas se tocando e evitando se tocarem nas
calçadas sem espaço para pensar. Também a sensação de leveza e liberdade aqui
são maiores e talvez só existam neste lugar...
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