Distúrbio da Dependência Virtual
por Rafael Belo
por Rafael Belo
Há
um chorume e muito chororô nas redes digitais corroendo a imagem e ampliando as
aparências com a eloquência de um mudo por estupefação. A carência é tão
assombrosa que as ilhas de isolamentos formam seus próprios arquipélagos e
povoam o mundo virtual como uma distorção emocional nunca antes vista nem em pornochanchadas. Há
os otimistas ao extremo e os depressivos a tal fundo a parecer postagens do
além. Um mundo vivo e mutante onde a conexão é em tempo real e o tempo todo. É
o novo mal dos séculos e séculos: o Distúrbio da Dependência Virtual.
A
síndrome dos dedos ansiosos faz parte deste male. Então é um quê de postar
fotos, compartilhamentos, curtidas... Ah, as curtidas... O desejo de ser
desejado, de ter o “brilhante” pensamento bem quisto por outrem, de todos
comentarem o fato público de termos ido ao banheiro, estarmos comendo, com
fome, tomando banho (ah, vai tomar banho...), e dezenas de inutilidades da rede
feitas como se fôssemos tolos adolescentes apaixonados pela primeira vez ao
desligar o telefone: desliga você
primeiro amor, ah não desliga você, então vamos desligar juntos 1, 2, 3, aaaah
você não desligou...
Nossos
dedos desesperados percorrerem fazem o cursor deslizar páginas e págians para sabermos
o quê as pessoas estão fazendo, o quê não estão o que farão... Mas algo que
ainda não está em consenso é a marcação. Não a cerrada ou a disfarçada, a das
frases e imagens. Uns reclamam por horas (o que equivale a anos no mundo
virtual...) por não terem sido marcados. O céu desaba, o mundo acaba e lá vem o
melodrama. Outros por serem marcados. Desaba o céu, acaba o mundo, a casa cai e
lá vem mais uma novela... Esse novo distúrbio é uma grande rede física tornada
virtual pela (r)evolução tecnológica.
“Saímos”
da pequenez das fofocas, intrigas, disputas desonestas físicas e face a face
para vigiar e espalhar feito um efeito viral nas redes digitais por horas e
horas infrutíferas neste espaço tão bebê ainda desconhecido. Covardemente nos
expomos e expomos outros enfocando em uma lupa todas as nossas carências em um
grande caldeirão de temperos com horrendas expressões faciais. Estas
efemeridades mudam instantaneamente como as celebridades frutas: dependem das
estações.
É
claro que estamos focando a parte podre, mas tanto a podre quanto a madurinha
tateiam às cegas - por estupefação - nesta turbulência pronta para nos sucumbir as
consequências.
Acabei de ler "Distúrbio da Dependência Virtual,gostei porque é bem pertinente este texto,discorre sobre o que acontece nas redes sociais.
ResponderExcluirMuito Bom! Parabéns! Atual!Sos
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