por
Rafael Belo
Eu me esqueci... Fui à pouco! Foi por
pouco que me lembrei, mas me segurei e me deixei. Um quase se perder... Assim
me encontrei aqui, neste agora. Tomei uma distância de mim, tomei fôlego e
corri para no caminho decidir ter sido, estar sendo minha última corrida. Eu precisava
de uma trilha sonora sem nada me incomodar. Ia correr e dançar. Aliviar e
respirar, mas pela primeira vez... Calmamente... calma mente... Calma, mente...
Assim, com pausa era antigamente ontem quando ainda me enganava e fingia calma.
Eu tinha que me lembrar de sorrir, lustrar meu brilho...
Acionei minha playlist Girl Power Bad
Ass e lá estava o sorriso perdido. Nada em mim mentia mais. Eu não acumulava,
não deixava para depois, não fazia um monte de coisas ao mesmo tempo... Acabou
a competição! Só nunca vou esquecer tudo que perdi achando que ganhava... Ainda
acharei a cura para esta dor. Não fui responsável, mas se ao menos eu tivesse
dormido mais antes de dirigir... Ou nem ter ido... Mas já não dói tanto, já não
me leva de um extremo ao outro... Já passo pelo túnel escuro só com minha
própria luz própria.
Consigo pensar melhor e também não
pensar em nada. Posso refletir tranquilamente sem surtar, sem me acusarem de
estar na TPM, sem ter ataque de sinceridade quando não é sequer necessário e
ficar em silêncio quando deveria estar tendo o tal ataque de sinceridade... Se corro
ainda agora já não é mais fuga, é aquele encontro comigo mesma... Uma
desconectada deliciosa, uma calma tão contraditória ao personagem vestido por
mim como se eu fosse e eu assim acreditava... Tudo isso por tão pouco. Esta
minha paz deste instante não vai mais ser perturbada sem a minha reflexão.
É só levantar a cabeça deste mundinho de
ansiedade, disperso e imediato onde mergulhava para respirar, para perceber que
eu sou o satélite definitivo construído, mas se desconstruindo em cada passo
para ser nova, uma supernova tocando o sol e saindo mais viva, não ilesa. Não saímos
de nada ilesos! Você acredita nisso? Meu superego estourou e ainda ouço o ar
saindo quando pouso meus pés no chão. É raro eu sair da minha lua, prefiro
levar algumas pessoas para lá, essas que como eu, de vez em quando, se libertam
e lembram saber voar.
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