segunda-feira, setembro 17, 2018

Para melhor escutar





por Rafael Belo

Eu sempre tive vontade de dançar. Parecia algo inerente ao meu corpo. Se eu fechasse os olhos meu corpo se moveria inspirado pela letra, instrumentos, melodia, pela música... Sempre me inspirou. Eu me divertia, mas alguma voz inadvertida me repreendia por algo não estar certo. Passos, ritmo, dança... Também sempre desconstruí palavras, rimas, significados, imagens, sentimentos, respirações. Aliar tudo isso a fechar os olhos e harmonizar o corpo com o invisível me ressignifica mais uma vez. É terapia dissociativa unida as palavras do universo.

Neste verso eu me crio, recrio, silencio, sorrio e grito. Dançar te prepara para a vida e te desmonta. Há expressão de tudo isso em duas personificações: Brenda e Anderson. A história deles. Tudo que a dança fez e faz até aqui com estes dois. A alegria incontida ali. Aqueles sorrisos livres e iluminados. Entender o sentir e o sentimento pela leveza e intensidade do toque. Limpar a mente. Relaxar o corpo. Dá uma clareza para dançar até nas sombras. Dançar é ser poesia. Ah, e eles são Poesia.

Estar trocando experiências com Brenda e Anderson foi mais um degrau evolutivo, não só na dança, mas na vida. Em dois dias reduzidos a poucas horas - porque não há tempo para dizer ser o suficiente -, eles lembraram a todos ali presentes, compartilhando, que a primeira expressão da alma é o movimento, o silêncio, a concentração, o relaxar, uma descoberta constante do equilíbrio e da liberdade do corpo. Diante de tantos obstáculos na vida, no tempo deles, eles foram lá e dançaram, ressignificaram os problemas, as dores, os amores os traduzindo em liberdade da ponta dos dedos dos pés até o último átomo sobre a cabeça.

Brenda Carvalho e Anderson Mendes são seres humanos únicos construindo e desconstruindo diariamente provocando reflexões e muitas emoções com o que mais amam: a dança. Como cada um de nós que parou de repetir e passou a questionar, a liderar a si mesmo, eles ensinam os primórdios do ser humano. Os primeiros momentos de aprendizagem, a pureza, a atenção aos detalhes, a cada parte de si mesmo e assim elevam a arte de dançar porque cantar ainda necessidade de som, mas o corpo para dançar completo, inteiro, íntegro, puro, precisa do silêncio dentro de si para melhor escutar.

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