por Rafael Belo
Não há novidade por aí. Todas
as crianças agora estão entretidas em brilhantes telas móveis, antes eram notebooks,
antes eram computadores fixos, antes era a televisão... Mudamos os métodos
devido aos constantes upgrades, à tecnologia nos atropelando sem sequer termos
tempo de respirar e ela vai muito mais rápido, mas o interesse do mercado é
vender aquilo que está muitos passos atrás do que estão fazendo no momento. Nossos
filhos ainda são os mesmos e os métodos de maquiagem virtual são tão avançados
com tutoriais no Youtube que as imagens são algum padrão novo de beleza
irrelevante. Não temos certeza da aparência de ninguém e vociferamos por toda
parte sobre o quanto não nos importamos com esta, com os padrões, ainda assim
nos atraímos por eles na nossa hipocrisia diária para ter o prazer de postar
nosso novo papel de trouxa por termos sido enganados exatamente da mesma forma
pena incontável vez. Nós precisamos da atenção que não damos para nossos
filhos.
É um ciclo vicioso. A poderosa
droga inebriante levando o raciocínio para algo mais distante... Somos desviados.
Os desvios infinitos nos penduram no varal do desinteresse. Fica para a conta
do dia esta dívida. Estamos aqui na tal maioridade sem ter amadurecido nada, só
seguimos cultivando novas sementes que nos fazem acreditar que sim, somos
maduros. Somos independentes. Vivemos do nosso suor e reclamações diárias. Buscamos
a riqueza, o orgulho, o glamour... Será que a satisfação faz parte realmente
disso? Trabalhamos para seguir para o próximo trabalho capaz de nos dar acesso
ao tal sucesso, mas basta ter coragem de ler sobre a vida das celebridades e
balancear entre se sentir bem, fingir estar bem e vender a imagem de cheguei
onde queria para saber que até fazer o que gosta precisa de um tempo, que há um
limite onde tudo se inverte e sonho vira pesadelo. Esta é a maturidade?
Qual a relevância da
maturidade, afinal? Reclamar que era tão melhor não ter responsabilidades? Seguir
um sonho aleatório em busca de fama e glória? Ser exemplo? Alimentar fantasias de
estar tudo bem, de estar fisicamente bem, financeiramente bem e estar com saúde
mental em dia? E a paz? Onde está a paz? Parecemos estar ao mesmo tempo
sentados em um trono equilibrado em um pedestal e presos em um buraco profundo
na beira da praia enterrados até o pescoço com todos ao redor pensando ser uma
encenação. Quando estamos em cima elevamos nossa caminhada, falamos da
possibilidade de chegar, de quantos não acreditavam em nós... Quando estamos
embaixo exaltamos nossas fragilidades, porém com a força da necessidade das
quedas para subir de novo mesmo com a depressão, falamos das dificuldades, da
vontade de desistir... Se formos seguir a história do mundo e de cada um,
descobrimos tantas semelhanças...
Ao invés de tentar
entender, de escutar, de ir dar mais um passo, pensamos em estratégias, na
jogada seguinte, e mesmo afirmando não ligar, perguntamos o que os outros irão
pensar... Somos formados na arte diária de deduzir. No final das contas não se
trata do que o outro fez, mas de como isso atingiu você, o eu, o ego, a
imagem... Este ó poder de uma informação. Verdadeira ou falsa, a informação
sempre foi um meio para o conhecimento, para derrubar, criar intrigas,
enfraquecer, manipular, a diferença é a velocidade, a instantaneidade atual. Há
mais de uma década quando comecei a aprender jornalismo, estudávamos quanto uma
informação não apurada podia destruir vidas para sempre mesmo se aquela
inverdade fosse desfeita, recompensada, ela não volta. A imagem manchada, o
nome sujo, a reputação destruída não é recuperada. Ainda a justiça brasileira
retirou a validação do diploma e tudo é feito para tirar a credibilidade de
veículos de comunicação, de jornalistas quando sem informação bem apurada, com
técnica, nem um passo seguro é dado. Por isso, ainda hoje não há novidade por
aí.
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