terça-feira, agosto 27, 2019

Iluminar ou queimar?










por Rafael Belo
A divisão separa chamas e labaredas alastrando um incêndio pelo mundo sufocado pela própria fumaça. Eu tusso todos os dias e diariamente poderia adoecer desabando, engasgado, queimado por dentro nestas queimadas insanas da destruição. Esta forma uma cortina de fumaça levando todos os sentidos às cinzas e é fácil não enxergar nada. Por isso, estamos em alerta de risco secando à força sem chuva e ainda incendiando. Por que estamos nos matando?

Não estamos renascendo. Estamos acumulando nossas cinzas e toda vez que venta  somos espalhados. Distantes criamos mais focos de incêndios até sozinhos não sermos mais capazes de apagar. Eu fico pensando em tanta ilegalidade, na nossa preguiça de juntar os matos e transformar em algo útil novamente, mas não. Queimamos. Fazemos muita fumaça e muito barulho pensando nas facilidades sem sequer avaliar as consequências. 

E as consequências são desmatamentos sem fim. Não são só as florestas que ardem em chamas, nós vamos queimando em psicopatia deixando de ter simpatia, solidariedade, empatia e sentimentos não só pelos outros, mas até pelos nossos. Nestas fogueiras públicas de orgulhos e falsas moralidades, nenhum fogo derrete nossa frieza adquirida por achar sermos os mais importantes concentrados no nosso umbigo. É o coletivo que move o mundo. O indivíduo é social. Sozinho faz o que?

Nesta quantidade de consequências que somos, a individualidade se perde e ao ver as fogueiras criminosas pela cidade neste tempo seco, tudo se alastra rápido nestas sequências de filmes ruins… Porém, a diferença é entre a vida e a morte. Não é um filme. Não é conspiração. É sobrevivência. A cada dia que sobrevivo me pergunto se estou apagando os incêndios certos e alimentando as fogueiras realmente importantes. Acender um fósforo ou um isqueiro pode iluminar ou queimar, qual você escolhe fazer?


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