por Rafael Belo
O cotidiano pede uma rotina. Relutantes, ou seguimos por segurança ou rejeitamos por esperança. Escolhemos, então, nos desperdiçar em um momento, em um sentimento, em um contexto, em uma forma e em uma interpretação. Nos limitamos. Podemos de fato mergulhar em um momento, em um sentimento, em uma situação, mas sem medir a emoção nem o impacto em nós mesmos e no outro é um reviver dolorido escolhido por saturação. Ou seja, por cansaço.
E cansar é fácil. É simples. É comum e necessário para entender nossos limites. Porém, serve para descansar e depois continuar. Viver cansado e deste cansaço é perder sempre. Basta desistir. Pronto. Não significa acabar. Dificilmente acaba. Há o depois. Há consequências. Nossos dias não são retas. São curvas cheias de ciclos e desperdícios. Desperdiçamos muito... Realmente há o se desperdiçar e desperdiçar o outro. Não como objeto, mas como potência.
Esta capacidade de mover, de concentrar quantidade de energia no tempo, na velocidade de transformação ou, objetivamente, nesta força, neste nosso poder se ser, estar e, claro, confundir tudo. No momento de confusão, de chateamento, de tristeza, de raiva... Derrubamos nossa clareza, nosso raciocínio e abrimos brecha para derrubar a cedilha da força. Por isso, aperta, dá um nó na garganta, leva o ar desesperadamente… É a forca criada pelo nosso silêncio.
Sei bem ficar em silêncio. Há silêncios bons, silêncios ruins e aqueles nas áreas cinzentas não definidos por apenas dois lados de tudo. Dicotomias não existem. Protagonismos e antagonismos não são solitários. Relações sempre precisam de um escape. Nós não nos bastamos, dois não se bastam. Somos vastos. Qualquer coisa menos que vastidão, imensidão, é limitação, é sufoco e neste sufocamento é preciso se expor e ouvir o retorno. Vamos escolher não nós submeter, não nos curvar, não reverenciar um erro, "o único foco somente no desvio". Vamos quebrar o ciclo, abolir a forca, colocar novamente a cedilha e voltar a ser força
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