por Rafael Belo
Estava sentada. Quando começou a chover continuei chovendo sentada. Eu chovia por dentro e a chuva me transbordava por fora. Estava ressentida, insegura… Esbravejava os trocos que jogavam em mim. Eu realmente me sentia uma mendiga, um ser humano invisível e abandonado… Começava a criar lógicas absurdas porque se eu era invisível como seria abandonada se para ser abandonada era preciso ser vista? Eu não fazia sentido.
A lógica real era eu estar procurando respostas no lugar errado. Neste lugar só pairava raiva e escuridão e não havia razão. Eu me questionava. Quando eu perdi a coragem de olhar nos olhos do outro ou de sustentar um olhar? Eu me reduzi em meu próprio inferno desabitado. Acreditei nas pessoas erradas e reino uma servidão escrava. Não contenho nada. Aliás, não continha. Era um vaso rachado sem serventia… Eu servia para a dúvida, para a incerteza… Nunca tive nada de verdade porque nada havia ficado. Este tudo dito na verdade não é nada.
A chuva era um dilúvio. Meu dilúvio. Eu sentia algo na verdade, mas não aceitava. Quando vi aquela Luz. Olhei ao redor. Não estava mais no caos e na desordem só Centro daquela cidade qualquer. Estava em um quarto. Aquela Luz estava mais forte. Esta mais forte. Mas ao contrário da cegueira da escuridão, Ela me faz enxergar. Neste quarto a água está corrente e me imerge por inteira. Há uma conversa íntima, particular e eu já sou Luz também, sou um vaso novo.
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