Rafael Belo
Aqui, revisitando o Calvário, já não sei quantos anos se passaram. Talvez 4 ou 40. Só faz sentido o que ficou e este carbono adulterado, que ainda chamamos de pele, que ainda dizemos ser nosso corpo se acaba em um sopro. As estrelas, as lembranças, as experiências… Todas emocionais? Todas racionais? Isto é conhecimento? Até enfrentarmos os mais invencíveis guerreiros: A Vida e O Tempo.
Conversei com a vida. A Vida sempre dá um jeito de continuar. Deitei-me no Tempo. O Tempo ensina. Esquecemos ou vivemos em nostalgia e rancor. Vivi muito tempo assim. Raiva me movia. Mas, a Vida me jogou no Tempo. Percebi que a Vida vinha me derrubando a todo Tempo. Precisei do Tempo para entender o motivo da Vida me derrubar. Me sobrava razão, me faltava emoção. Me sobrava emoção, me faltava razão. Com conhecimento destruí ao invés de construir. Com emoção manipulei ao invés de amar. Fiquei vagando no desamor e como um mal líder diminuía quem em mim confiava ao invés de aumentar. Achava ter entendido meu Calvário. Mas não. Porém, agora já peço ajuda para entender.
Não falta nem sobra nada mais, pensei que o equilíbrio era supervalorizado. Mas mais uma vez eu estava errada. Não pense que não está também. Todos estamos. Reveja as marcas no seu corpo. Reveja suas memórias. Não garanto ser esta a última vez que levanto. Mas quase já não tenho caído. Agora estou no Espírito. Espero ter compreendido que razão e emoção são delírios sozinhos. Ao redor, neste momento distantes de mim, há muitos delirantes tentando me alcançar...
Estive delirando neste mundo covarde. Virei covarde. Agora sinto a coragem me mover. Me sinto muito maior do que sou. Soou, ressoou. Sou o próprio Espírito habitando este corpo, estas lembranças, esta razão e esta emoção. Procuro me orientar Nele. Ser além do que minha carne permite e, às vezes, isso demora mais que uma vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por compartilhar seu olhar.