segunda-feira, julho 27, 2020

O conceito da carne








por Rafael Belo

Temos a mania autodefensiva da comparação e de achar o dono da culpa. Mas, a pior condição do ser humano é o desequilíbrio entre a inveja e o sexo. A sexualização do mundo sempre esteve presente e a música é o espaço onde está de maneira subentendida, nos duplos sentidos e cada vez mais explicitamente. A culpa é do compositor, dos músicos? Não porque está em toda parte: Nos diálogos, nos olhares, na propaganda, na publicidade, nas novelas, nas séries, filmes, nos nossos atos, nos nossos pensamentos… É uma tendência contínua de que sexo é direito, é poder, e que vende mais e da objetificação das pessoas, principalmente da mulher.

Este comportamento animal comum foge da nossa racionalidade e qualquer infração, qualquer crime neste sentido vem com a desculpa pronta: a carne é fraca. A carne é fraca ou não admitimos nossos adultérios, nossos erros, nossas falhas? Nossa hipocrisia é tamanha a ponto de separarmos o corpo entre mente, coração e alma. A carne faz algo sozinha, o coração faz algo solitariamente, a Alma é independente do corpo? A pressão pessoal, social, familiar, religiosa em relação a satisfação sexual coloca o ato como obrigação e desencadeia uma série de desigualdades e violências sob a paternidade do machismo.

Como amar a si mesmo desta forma? Como amamos uns aos outros como a nós mesmos? Nos comportamos como animais seguindo um ciclo de procriação da natureza e da multiplicação bíblica, mas sem entendimento e sem a busca pela compreensão. Falta querer ouvir e dizer a Verdade. Mas temos medo desta liberdade. Vivemos na escuridão e nas desculpas.

Sem a Verdade, não há o Amor. Há desculpas e a divisão inexistente de nós mesmos. Somos um só. Carne, mente e alma. Rejeitamos a responsabilidade dos nossos dons os escondendo em violências, em  vícios, álcool, drogas e qualquer forma de escapar da realidade e das consequências. A fuga da responsabilidade dos nossos dons não fica de graça. Escolher viver na ignorância é escolher a morte. É escolher ignorar que há uma força absoluta maior que o todo esperando nossa decisão para nos salvar.

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