sexta-feira, março 06, 2009


Mente paranóica _____
Por Rafael Belo

O mesmo som a noite inteira na festa do pijama com roupas curtas e sorrisos longos. É festa íntima até de repente aos gritos de no chão no chão, a diversão parece acabar. Curiosas, às mulheres tentam olhar pela sacada. Dois objetos não identificados foram arremessados e vistos como granadas. Pânico da dona do apartamento que ao perceber ser o ex-namorado policial desce. Alêgrea ainda tentou descer mais o carro saiu em disparada com o som mais alto do que o ensurdecedor som da festa.

Por precaução todos permaneceram soldados. Rastejando sobre os cotovelos, braços, mãos, joelhos, pernas, pés feitos calangos no deserto escaldande diante da iminência da guerra entre iguais. Já eram ouvidos barulhos de bombas estourando ao redor, seqüências ininterruptas de balas, gritos – bem estes eram reais demais – e um sangue jorrado de uma imaginação paranóica. O medo orquestrava tudo com sua pose petulante de necessário.

Mas, a mente humana não deixa nada sem associação. Alêgrea não sabe disso e cultiva suas conspirações contra si mesma. Assim dias depois da guerra imaginária, Alêgrea estava envolta de uma dessas associações, que não tem sentido algum fora da mente dela. Descendo umas e outras e se divertindo mais uma vez - será um padrão – ela presencia a briga violenta dos vizinhos “por acaso” também no posto. Abastecendo a mente com algumas sandices ela guarda a cena cotidiana na memória.

A rotina de brigas do casal de vizinhos é brutal com gritos já desvendados pelo ouvido de plantão. Certa noite, próxima ao dia do posto, Alêgrea olha atenta pela janela e vê o homem do casal descer do carro. Ele volta pega uma imensa faca quase do tamanho de uma foice ceifadeira, a esconde por toda a extensão do braço e do corpo e segue até o apartamento. A confusão está acelerada. Em Pânico, Alêgrea aciona todos os próximos e espalha a nóia. Em rede no telefone, não quer ficar só.

Com um policial a tiracolo em casa - sem ninguém ver o que ela enxerga – conta toda a história, que nem nós sabemos. Ela é cúmplice da briga do casal e imagina ser uma queima de arquivo. Será assassinada e a vinda do homem com o imenso facão prova tudo. O casal nem sabia da existência dela, mas quando o policial vê o facão e revista à casa do casal a história do homem da janela da frente é confirmada. Eram os preparativos de um churrasco do casal entre o amor e o ódio. Agora todos conhecem Alêgrea.

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