*(...em todas as dimensões a Luz chegou e mostrou o quanto há milagres na vida...) captei nos fundos do serviço na quarta, Rafael Belo. |
por
Rafael Belo
Ela
simplesmente juntou tudo que lhe pertencia – as roupas e materiais passou o mês
doando -, respirou em profundidade, ligou o som e deixou correr as lágrimas. Era
a primeira decisão de sua vida em silêncio e sem influências de terceiros ou
primeiros... Deixou-se pela última vez
deitar debaixo das flores roxas e ver a versão original do sol espreguiçar seus
longos raios acolhedores para mais um dia milagreiro. Daria seus primeiros
passos no escuro e na solidão em quase 20 anos. Já beirava os 35 e sabia: solitária
não ficaria. Quem realmente a conhecia a entenderia e da forma de cada a
incentivaria. Estavam com ela, além das lembranças.
Perita
em pequenas armas e mestre em Aikido, correria menos riscos de morte pela sua
caminhada. Aika Sophia esperava um dia poder ajudar as pessoas a crerem. Mas,
como jurou protegê-las quando se formou há 13 anos, o prosseguiria fazendo,
mesmo sem a farda. Planejou viver de sua arte de escrever e filosofar por meio
da fotografia – seu hobby – e da poesia – sua expressão diária. Decidiu escolher
em cada cidade passada uma pessoa coerente e consciente na medida do possível,
de si e do mundo. Além de seu quimono, suas faixas de graduação e conhecimento,
carregava sua máquina fotográfica...
Não
imaginou que o Grande Criador pudesse abençoar sua até que enfim decisão. Quando
choveu, no seu primeiro passo fora de casa, seus olhos choveram também – de novo.
Era a paz e a alegria misturando doce e salgado em seu rosto no arrepio da sua
alma pelo corpo. A alegria nunca foi tão bem lavada. E entre as nuvens e o os
raios fugidios do sol escondido coloriu um imenso arco-íris fascinante. Uma revoada
de diversas espécies de pássaros pousou ao seu redor e cantou. Em meio a tanta água,
Aika Sophia sorriu. Como velho hábito juntou os dedos da mão direita e os tocou
como um golpe na diagonal da sua testa sobre a sobrancelha direita e rapidamente
retirou: “Sim Senhor, Senhor!”
Recolheu
suas coisas da varanda e continuou seus novos passos. A chuva cessou e parecia
o fim da manhã. Ficou feliz por ser pequena e se sentir tão imensa – mesmo com
seus menos de 1,70m - media todas as medidas do universo. Seus pecados
foram lavados e agora sabia o rumo certo para seus dons. Quem sabe voltaria a
postar na ‘voz do post a libertar’ quando pudesse falar como todos de uma vez
na conexão única... Agora o faria um a um até voltar ao todos ser um. Enquanto saia
da cidade imaginou como seria amanhã quando amanhecesse e seus post do dia
continuasse dormindo...
Um comentário:
Eu me identifiquei porque também chovo com a chuva, Aliás ela é o meu pretexto preferido pra chover.
Gosto do teu jeito de catalisar coisas belas, moço. Gosto imenso.
Um beijo.
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