Trilha - O Vento - Los Hermanos - áudio da crônica Constelação se reflete no rio corrente*
por Rafael Belo
Como se arrastam seis meses para quem quer muito algo e como
correm para quem o tempo precisa ser reorganizado. Ainda bem... De alguma forma
voltamos para o espaço criado por nós. Isto feito, sentimos a saudade de
compartilhar formas e olhares do avesso. Assim, me sinto eu. Hoje sou um rio e
um rio retorna com novas arestas. Novo, mas encorpado com toda a vivência
regada ao longo das retas e curvas de uma marcação rítmica cantada pelo
presente constante.
Não podemos nos ater a uma parte de quem somos, pois, ao mesmo
tempo nos infiltramos com nossas águas pela terra passante e somos constelação
recém-nascida, pronta para viver um novo infinito público/particular no querer
o brilho inerente de todos, expandido além do olhar. Somos contemplação e
vínculo. Saciados e sedentos de uma direção sussurrante ou gritada no nosso
íntimo, nos nossos passos... Por uma pontuação de fim em nós é desconhecer a
nossa nata abertura para reciclar e evoluir. Somos interrogação...
Pegar distância para olhar o caminho e lapidar o já adquirido é um
ótimo trabalho de paciência. Mas há dor. Como seres sinestésicos – independente
do grau –deixar seus prazeres de lado pressiona o pulmão até o ar ficar
rarefeito, até precisarmos dar um pequeno passo e darmos um gigantesco naquela
atmosfera lunar. Os detalhes passam por opção racionalmente, mas o restante do
corpo pensante, ampliando os sentidos da alma, não deixa nada escapar, e como
um filme decorado, vemos o passado ignorado direto do nosso refúgio na lua.
Sabemos da relatividade do tempo porque nós o somos. Podemos
dobrá-lo e tudo acontecer simultaneamente mesmo em diferentes datas do
calendário, podemos esquecer das marcações temporais e nos perder sem uma
mínima rotina ou podemos organizar toda esta retidão escrita no horizonte
referente tremeluzente do espetáculo da morte e nascer do dia. Os cães não têm noção de tempo, você pode sair um minuto ou um dia e a falta será a mesma para eles. Não é preciso ser complexo, escrever de formas poéticas ou rebuscadas, mas se assim estiver posto, o
sentimento contido nas palavras se revela... Ou há sempre o dicionário e o
“Doutor Google” para detalhar e ajudar a nos reconhecermos e levarmos a vida
adiante no tempo proposto para cada um.
ps: é sempre bom voltar a este espaço que sou eu.
*( A imagem
captei na escola santo antônio)
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