por Rafael Belo
Neste dia-a-dia capitalista
receber é o maior interesse por trás das ações. Receber pelo trabalho, pela
atenção, pelo amor, pelo tempo, pelas palavras... Por qualquer movimento dado,
por qualquer raciocínio vazio ou elaborado... Ter dinheiro para consumir nos
consome. Nos torna ávidos por mais e nos escraviza ao tempo e nos agrilhoa a
tanto trabalho a ponto desta corrente nos arrastar feito fantasmas... Assim assombramos
a vida doada a nós. Caminhamos sob o sol mais quente sobre a estrada perdida e
um céu incerto.
Simultaneamente se simula a
mesma ação de suor e lágrimas misturados a um labor muitas vezes sem sabor e
nossa vida é um oásis no fim da visão ao nosso alcance, mas sem nosso toque. Como
se vivêssemos para ter aquela paisagem, porém sem no fim senti-la porque o fim
não existe... É um novo começo, é uma substituição por um compra mais cara. Este
sem fim exaustivo nos exaure. Consumidos somos consumo. Consumados somos este
desejo nauseante do querer ser pago por tudo para nos recompensarmos...
Por isso, doar hoje é
sinônimo de receber algo em troca... Financeiramente, fisicamente... Doar
acabou sendo receber. Não é mais raridade. Uma palavra em desuso, um sentimento...
É! Um sentimento de não ser o suficiente viver no nosso mundinho de aparências
e acúmulos e sem tempo... De meias palavras, deste vazio existencial
acachapante... Exatamente deste ser esmagado pelo seu egoísmo solitário achando
inconcebível fazer “seja lá...” sem retribuição... É triste nos contentarmos
com nossa pequenez diante da imensidão da nossa alma.
Não conseguimos optar pela
escolha de refletir sobre nós mesmos e nosso arredor e mais... Como podemos
servir para começar uma mudança. É preciso uma intervenção, às vezes, trágica
para aprendermos a doar-nos. Doar-nos para alguma causa. Tal ato não causa
resultado imediato... Aliás, causa sim. Proporciona uma sensação de participação
de um movimento maior, de um elo contínuo de ondas crescentes encharcando esta
sequidão em nós, neste uso insubordinado do corpo “em decadência” a alma. E
nossa alma manchada necessita de algo de nós: o saber diferenciar doar e
receber, para podermos embarcar nos nossos pés descalços e sentir porque viemos em um ônibus quebrado e paramos de vez em uma estrada perdida.
Leio sua prosa e acho que é melhor que seus versos... mas quando leio seus versos, acho melhor que sua prosa. A verdade é que vc tem o dom da palavra. Isso é raro, mas vc esbanja!!! bjks
ResponderExcluirAh Lelê! Que bom saber que ando atingindo os pontos certos! Muito obrigadooo querida! ótima semana!
ResponderExcluirÉ isso mesmo Rafa. Doar deixou, há muito tempo, de ter o sentido que deveria... aquele do dicionário. Dar sem esperar nada em troca é coisa rara e quando alguém age assim é sempre visto com desconfiança. Bom texto! Tenha uma ótima semana querido!!!
ResponderExcluirÉ Jamy! É triste estas nossas inversões de valores! Obrigado querida ! ótima semana!
ResponderExcluirQue imagem linda.
ResponderExcluirRealmente... Receber é tão mais fácil e prático que as pessoas até reclamam quando tem de doar.
O ato por si só já deveria ser feito sem pestanejar, mas do jeito que estamos no fim do mundo... Até uma ação voluntária torna-se obrigada.
Vamos doar, vamos entregar um pouco de felicidade às pessoas e sem preocuparmo-nos com o que pode ser recebido em troco.
Obrigado Naty. Acham até inconcebível né?! Doar vai ter que ser ensinado novamente. Saudades suas bj
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