sexta-feira, outubro 19, 2012

Arauto das águas


Arauto das águas


A chuva escorria pelo rosto da noite
e chovia pelos ruas vazias feitos filetes de rios
cruzando a pororoca da impermeabilidade do asfalto

as águas trovejavam em um crescente posto em açoite
no descanso do silêncio das almas aladas presas aos corpos por fortes fios
 oferecendo o prolongar da correnteza na previsibilidade do arauto

o som vinha arrastando gente cansada de cansar e aos poucos foi-se
com chuva calorosa repentina rasgando o rosto da noite com brios

estralando no pavimento quente no ritmo cadente da preparação de um salto

a cantar seu canto em pranto do alto dos cios das águas descansadas... No fio da foice.

(Às 22h23, quinta-feira, 18 de outubro de 2012, Rafael Belo)

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