Descanso prolongado
por Rafael Belo
Nas ruas não há descanso. No trabalho também – pelo menos não
durante o expediente, mas descansar é preciso. Não ao ponto da preguiça, dos
pecados dos bocejos constantes e o lacrimejar inevitável... É preciso para o
corpo funcionar como deve e a mente estar tinindo como deveria. Conhecer novos
lugares não é regra. Regra é poder se afastar do ambiente de trabalho, de vivência
comum... Dificilmente um fim de semana é o suficiente. Para sanar nosso déficit
com corpo e mente é preciso prolongar. Parar, respirar fundo e se preparar para
continuar é tão necessário quanto à correria diária dos bits, bytes e touch
screen.
Estamos tão conectados a ponta dos dedos, ao falar – de longe
– sozinhos, a deixarmos de usar nossa educação. Sair às ruas isolados ao
celular sem parar de falar, passar por pessoas e fazer compras, ignorando tudo
isso, é um constante ato cansativo de isolada solidão. Como não cansar de
tentar se ocupar o tempo todo, de misturar resoluções na mente de pensar no
adiante, de se esforçar a não fazer nada...? As vistas já vão cansadas e o
horizonte treme diante dos cochilos acordados de quem acha ter de continuar sem
parar.
Sem descanso o seu infinito se limita a visões constantes do
chão. Sem descanso o corpo não funciona direito, as barreiras de proteção se
rompem, ou simplesmente enfraquecem, e nós adoecemos. A mente oscila, as frases
não se formam, o raciocínio patina e nós caímos. O pior da queda é se levantar
sem saber por que caímos, sem reconhecer o tempo para cada feito e desfeito das
nossas pedras empilhadas, nada encaixa.
Como construir sem montar nosso quebra-cabeça, sem formar a
mera imagem do presente? Um descanso prolongado supre os fins de semana de
descanso in loco quando é possível
ter o fim de semana. Toda máquina precisa de manutenção. As feitas por Deus,
deuses e homens. Estar parcialmente montado é estar parcialmente desmontado. Pode
ser verdade ter tempo de descansar quando nosso Tempo acabar, mas como estará
nossa consciência se não sabemos o tempo no qual estamos agora?
2 comentários:
Que bela fotografia, Belo.
Realmente, quando temos tempo para descansar?
Quando descansamos?
Temos tempo para tanta coisa, para trabalhar, nos atarefar e quando descansamos?
Talvez, esse descanso prologando não exista. Ou, aliás, existe, mas é praticamente uma utopia.
Gosta de livros, né?
Estou fazendo um sorteio em meu blog.
Confira lá e participe, Belo.
É no Revelando sentimentos. Um beijo
Obrigado Naty! É assim mesmo mas precisamos nos organizar rs ou não servirá de nada nosso esforço. Logo estarei por lá para participar bj
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