Dez segundos que não conseguimos
contar
por Rafael Belo
Nem pensou em contar os dez segundos regressivos até o
abrandamento da fúria, foi lá e fez a besteira. Bem longe da calma... Matou os
vizinhos por não suportar o barulho vindo do apartamento deles, logo acima.
Demorou, mas o evitável aconteceu. Que me desculpem os amigos e parentes, mas
“ele era tão bom” já foi mais demagogo. Assim, que vi a matéria e a intenção do
jornalista de entrevistar parentes e amigos, sabia dos – estes sim –
inevitáveis comentários sobre a bondade do homicida/suicida.
Independente do equilíbrio ou desequilíbrio das pessoas
parece que há um pacto de não se falar mal dos mortos (ou se for o caso o mínimo
possível e justificar os erros). Macula pela história sempre ser contada pelos
vencedores ou usurpadores. Enaltecem-se os vitoriosos – ou simplesmente aqueles
que vivem – e endemoniam-se e culpam os mortos. Mas, o fato não é sermos no mínimo
50% defeitos, mesmo havendo quem jure ser esta porcentagem maquiada e somos na
verdade 10%... De qualidade. Fato é que portar armas mata.
Se não há controle emocional ou uma contínua pressão
culminar em explosão cega, não é preciso ser um gênio cercado pela NASA para
saber do resultado caso este ser possua porte de arma, ou melhor, só a arma. Em
um momento decisivo, a própria vida sempre vai valer mais. A autopreservação a
todo custo é uma pregação semiótica em todos os segmentos, basta querer
enxergar. Não importa se o incômodo é um barulho irritante, o congestionamento
no trânsito, o bullying contínuo ou o testemunho de um assassinato, a razão
final será continuar com vida ou impor respeito.
Aprendemos assim, os exemplos vêm desta forma desde que saíram
dos fornos prontos e programados e depois tentaram a inserção dos dez segundos...
Vamos lá. Respire fundo e conte até dez, contagem regressiva e esqueça que tem
uma arma e foi ensinado que ela resolve tudo. Você tem direito a se defender até
das ideias contrárias, quem dirá dos sons excessivos e que lhe desrespeitam,
seu orgulho é tudo, viva a lei do silêncio, salvem o olho por olho, dente por
dente... E no fim do programa – como é Fantástico – a discussão mais acirrada
foi o chororô do Neymar... Nos transformamos no Homo Mimimi... Os que sempre são bons depois de mortos.
Um comentário:
Muito legal! Mas essa história do bullying....é verdadeiro mesmo...dá vontade de destruir o causador...mas é verdadeiro a bondade sempre dos mortos....mamys
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