por Rafael Belo
Parecia ainda que viviam
no século 18. Todo aquele planeta descolorido. Todo quadro preto ou branco. De
cada janela quebrada não saia nada nem entrava. Apenas vento e luz. Além das
luzes permanecerem acesas - a maior diferença de três séculos. Apenas uma
janela permanecia às escuras. Nem sombras era possível enxergar caso alguém
alguma vez tivesse olhado além do próprio horizonte. Acontece que isto estava
prestes a acontecer. Distraída ela tropeçou. Tentando e conseguindo se
equilibrar jogou o corpo para trás. Nisso seus óculos de aros verdes claros
decolaram. E ela olhou para o alto.
Foi como se uma cirurgia
complexa, demorada, mas muito eficiente acontecesse naquele instante. O branco/preto
foi ficando amarelado. Nem reparou o local da queda do precioso óculos. Estava próxima
o suficiente para reparar. – Engraçado - pensou consigo mesma – nunca havia
reparado neste contraste. Nem em muitas outras coisas diga-se de passagem. Vagarosamente
deslocou a cabeça para a direita. Janela por janela. Todas jorrando luz
artificial, afinal era noite. Todas quebradas. Do lado esquerdo também. Entre as
luzes a janela intacta e apagada. Mas parecia emitir uma claridade latente. Girou
360° e aquela era a única. Um detalhe...
Vou
entrar e subir até aquele andar. Ah, meus óculos. Tem algo estranho nisto tudo.
Nunca tinha visto esta tonalidade. Toc Toc? Oláaa? Alguém em casa? Nada... Assombrosa.
Detesto portas rangentes. Dá-me arrepios. Mas vamos lá garota: co-ra-gem! Que sobrado colorido é este! Deve ser
impressão. Onde está o interruptor... PRONTO. UAU. Incrível. Que lugar mais
lindo. Está limpinho, mas parece abandonado há séculos...
A
janela. Melhor me apressar... Vai quê... Nada de interruptor aqui. Humm...
Vidro blindado e o restante azul clarinho. Confortável. Ooh quantos desenhos
espalhados e bloquinhos e anotações e fotos e... e... NOSSA! Esta é a minha
cidade. Dá pra ver todinha e quantas cores. I-na-cre-di-tá-vel. Dá uma alegria.
Uma inspiração...
Todos as noites desvincilhava-se
de todos e acabava por lá. Diziam as más línguas que andava de namorado e tal. Aí
já sabe...Logo logo aparece barriguda... Aí
quero ver ficar sorrindo assim... Não se sabe porque tornou- se uma pessoa melhor, mais atenciosa. Diziam até que conseguia ler as pessoas. Mas, vai
saber, há tanta fofoca por toda parte...!
3 comentários:
Bonito. :)
Acredito que todo mundo sabe ler as pessoas, só que a maioria não se interessa. Geralmente nossos umbigos parecem tão interessantes que o resto vira cinza. Se nos importássemos mais um pouco em tirar a blindagem que temos na frente dos olhos, talvez conseguíssemos ver todas as cores dos outros. Mas talvez eu só esteja vendo demais.
Novamente, bonito texto! :)
Abraço!
O que acontece é que hj vemos cada um por si....mas acredito que ainda temos chance de olhar mais para o outro...Parabéns pelo text mmy
obrigado Stellinha! também acredito, assim como creio que não esteja vendo demais. bj e obrigadoo de novo.
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